terça-feira, 7 de dezembro de 2010
Quando os tanques vão às ruas
Nas últimas semanas assistimos a cenas muito parecidas com uma guerra no Rio de Janeiro, claro que guardadas as devidas proporções. Tanques da Marinha invadiram a Vila Cruzeiro e o complexo do Alemão. O trabalho, em conjunto com o exercito, Força de Segurança Nacional e as polícias Militar e Civil, mostraram todo o poder bruto do Estado.
A última lembrança que temos desta cena no Brasil, é a de 1964 quando os generais tomaram o poder e nos subjugaram a meros coadjuvantes das nossas próprias vidas. Fizemos história, lutamos e vencemos pela liberdade, mas aquele ano não deixou de ser apenas o cume de sucessivos erros cometidos por nós enquanto sociedade.
É chagada a hora de rediscutirmos a sociedade que temos. Já tarda as ações que contemplem a maioria da população carente, na direção de uma vida digna. Ações que demandam força bruta não resolvem o problema, mas dar oportunidades iguais a todos e todas pode ganhar o jovem do tráfico e do crime organizado.
Esse é, na verdade, o conflito histórico entre pobres e ricos. Ele nos revela que somos inimigos, o que não precisa ser.
A imagem ainda bem viva em nossas memórias não traduz a realidade dos conflitos. Quando os tanques avançam, passam por cima de tudo e de todos. E a alegria nos rostos dos que ficam não reflete o estrago psicológico causado com a experiência; a experiência de ver a morte de perto e da perda prematura de jovens, mulheres, crianças... na guerra, como nas convulsões sociais, não existe vencedores. Todos somos vítimas.
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