terça-feira, 27 de novembro de 2012

Deputados Arnon Bezerra e Chico Lopes divergem sobre as consequências do mensalão


Os deputados federais Arnon Bezerra (PTB) e Chico Lopes (PCdoB), perguntados sobre, “se o julgamento e as condenações do mensalão mudam a forma de fazer política no Brasil,” deram respostas diferentes sobre o impacto do julgamento na sociedade e na política.

O caririense Arnon Bezerra, disse que “nem tudo fica por isso mesmo.” O parlamentar disse ser otimista quanto ao efeito inibidor. Para ele, o lado positivo é que fica a mensagem de que as coisas tem que ser feitas com transparência. “É muito fácil chegar e dizer: ah, só muda se tiver uma reforma política,” disse. Arnon finaliza pedindo que cada um assuma sua responsabilidade.

O fortalezense Chico Lopes, disse que não acredita que o Brasil vá se tornar melhor ou pior. “Não muda nada,” disse. Para ele, é preciso mudar o sistema eleitoral, o financiamento de campanha. Sobre os efeitos do julgamento, Lopes, diz que daqui a um tempo, todo mundo esquece, o povo, principalmente. O parlamentar finaliza dizendo que o sistema eleitoral é o que precisa ser mudado.

As respostas foram dadas ao jornal O Povo, no último final de semana.

Entre o sul e o norte

Na verdade, para o efeito desejado na política brasileira, é preciso que aconteça um misto das duas argumentações. Arnon tem razão quanto diz que a consciência de que, nem tudo fica por isso mesmo, é importante. Esse efeito inibidor é fundamental para que as coisas comecem a muda. Mas, veja bem, “comece a mudar.” Temos que mudar essa a consciência coletiva de que só o pobre é punido e que a impunidade é o caminho dos políticos e dos ricos. No argumento do Arnon está o início da mudança. O estopim da nova era na política brasileira.

Agora é importante ressaltar que isso significa apenas o início da mudança. É um movimento precursor. Mas, para a mudança, verdadeiramente dita, é preciso algo a mais. É preciso seguir com as reformas, no nosso caso a política, para que as ações se juntem e possam causar o efeito necessário. É importante dizer ainda que, mesmo fazendo tudo isso, não teremos a segurança e a certeza de que tudo vai dar certo. Ainda existe um longo caminho até a politização da maior parte da população; e isso, não se consegue somente com leis e medidas, discutidas e votadas, no Congresso; isso é conseguido no banco da escola.

No computo geral, não podemos negar o efeito positivo do julgamento do mensalão sobre a política brasileira. Negar isso é subestimar a capacidade de indignação do povo. Chico Lopes está errado quando diz que o povo esquecerá. Senão, pergunte se esquecemos do “fora Collor”, do movimento das “Diretas Já”, do caso do “Juiz Lalau e o TRT de São Paulo”, dos “Dólares da Cueca”, do “superfaturamento nas obras de São Paulo que levou Maluf a cadeia”, e tantos outros. Definitivamente, não vamos esquecer o mensalão porque, nesse momento, estamos fazendo história.

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