quinta-feira, 29 de novembro de 2012
Prestação de contas: sai os números da Capital e o Cariri continua sem informação
A Justiça Eleitoral liberou a divulgação das prestações de contas dos candidatos que disputaram a prefeitura de Fortaleza, mas as do interior, incluindo os municípios do Cariri, continuam sem divulgação.
Os dez candidatos à prefeitura de Fortaleza gastaram juntos R$ 35,9 milhões nos três meses de campanha eleitoral. Os dois candidatos que disputaram o segundo turno, Roberto Cláudio (PSB) e Elmano de Freitas (PT), são responsáveis por, pelo menos, 84% desses gastos. Juntos, eles gastaram R$ 30,2 milhões.
O prefeito eleito de Fortaleza, Roberto Cláudio, teve a campanha mais cara. Ao todo, foram R$ 18,55 milhões, investidos principalmente em produção de programas para Rádio e TV, publicidade, serviços prestados por terceiros, carros de som e promoção de eventos da candidatura.
Elmano de Freitas gastou quase R$ 7 milhões a menos que o seu concorrente na segunda fase da disputa. O petista investiu R$ 11,66 milhões, aplicados, principalmente, em despesas com promoção de eventos de campanha, aluguel de veículos, prestação de serviço, publicidade por materiais impressos e telemarketing, além de produção de jingles e vinhetas.
Detalhes
Os valores absurdos gastos nas campanhas para a Prefeitura de Fortaleza, não mostram alguns detalhes que chamam a atenção. Por exemplo, um terço dessas despesas foi aplicado na contratação de serviços de terceiros. O problema é que serviço de terceiros não especifica o que foi feito, mas como vemos é bem caro.
Outro detalhe, divulgado, ainda, antes do termino da campanha é que Roberto Cláudio teria a segunda campanha mais cara do Brasil. O candidato de Cid Gomes teve custo inferior apenas ao petista Fernando Haddad em São Paulo. Se não estivéssemos falando de um estado pobre e outro rico, tudo estaria normal. Mas, venhamos e convenhamos, não é o caso.
Além de todos esses detalhes, ainda existe o mais cruel e vergonhoso: é de praxe nas campanhas eleitorais a prática de caixa dois. E aí, segundo previsões de especialistas, tomando como base as últimas delações que se transformaram em escândalos, esses valores chegam a triplicar o custo total das campanhas. Ou seja, se as previsões estiverem certas, nesse caso de Fortaleza, o valor real das campanhas apoiadas pelas máquinas do Estado e da Prefeitura da Capital, podem ter alcançado os R$ 90 milhões. Esse é um típico caso, como dizia Maquiavel em seu livro “O Príncipe”, que apenas “os fins justificam os meios.”
As contas do Cariri
As prestações de contas dos candidatos a prefeitos na região do Cariri ainda não estão disponíveis no site do TSE. Mas, elas já merecem uma análise acerta dos volumes declarados como previstos para os gastos. Somente as duas campanhas que polarizaram a disputa para prefeitura da terra do Padre Cícero, Raimundo Macedo e Manoel Santana, previam gastar cerca de R$ 2 milhões cada.
O problema é que, quando começamos a colocar os valores dentro das demandas que foram criadas, isso parece irrisório. Senão vejamos: agência, produtora e marqueteiro, esses, bem inflacionados; militância remunerada nas ruas, estrutura para comícios com palco, som, iluminação e apresentador, esse um custo diário; carros de som e despesas com terceiros.
Tudo isso, sem falar das famosas ajudinhas aos vereadores que são indispensáveis para manter unida a corrente que leva o nome do candidato até os eleitores de forma personalizada. Ou seja, é preciso fazer milagre ou, mais simples, caixa dois.
Quanto vale uma campanha
Mesmo antes do termino da campanha, nas famosas especulações, foi noticiado pela imprensa estadual que a trinca: agência, produtora e marqueteiro, consumiriam mais de 70% dos custos previstos, numa dessas duas campanhas de Juazeiro. E aí, quero entrar em outro mérito, o da supervalorização desses serviços. E isso tem se tornado um problema para as campanhas.
Se pegarmos a campanha do candidato Raimundo Macedo, muito bem produzida, mas feita totalmente sem criatividade, sem trazer nada de novo, nem de perto justifica o valor que foi pago. Ela foi uma campanha baseada em trabalhos passados, como a do Lula em 2002, onde foi apresentada a vida do candidato e, vale salientar, nessa do Raimundão, com um apelo emocional que mais parecia um drama de novela mexicana, além de tentar mostrar um Raimundão líder administrativo ao simular um planejamento.
Bem, sabemos que existem dois tipos de políticos: os de máquina, famosos impopulares; e os de massa, esses bem populares. E a bem da verdade, Raimundão não tem o perfil de político de máquina como o “iluminado” marqueteiro quis passar. Não é a toa que ele caiu tanto nas pesquisas. A sorte é que a diferença era muito grande e o erro estratégico não chegou a comprometer o resultado final.
A grande vantagem da campanha do Raimundão foi manter um ritmo do começo até o fim. O que não aconteceu com a campanha do Dr. Santana. Ela esteve todo o tempo sem rumo. Não tinha coesão na argumentação, nem, tampouco, apelo emocional. Não conseguiu mostrar o que o candidato tinha de melhor.
Ou seja, os dois candidatos pagaram rios de dinheiro e, nenhum, conseguiu atingir o marketing desejável. Caíram no conto do vigário, foram enganados por profissionais despreparados.
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