Para quem esperava muita tensão durante a sessão da Câmara de Juazeiro do Norte, dessa terça-feira (20), teve o que queria. A sessão foi carregada de frases e palavras fortes que se configuraram como uma verdadeira “lavagem de roupa suja” do parlamento Juazeirense.
Durante a sessão alguns vereadores ficaram calados e outros estarrecidos com o que viram. Todo esse clima foi gerado pela denúncia do vereador Danty Benedito (PMN), ao Ministério Público (MP), apontando um esquema de desvio de dinheiro público, chefiado pelo atual presidente, vereador Antônio de Lunga (PSC). O vereador denunciante qualificou de formação de quadrilha o esquema de compras de materiais de consumo, acima da demanda da Câmara, usando notas frias e empresas fantasmas.
O debate teve como estopim o uso da tribuna pelo vereador Danty que, reafirmou a denúncia, dizendo que causou espanto as grandes quantidades de produtos comprados pela casa. Estão relacionados na denúncia, entre outros, argumentou o vereador, mais de 4 mil vassouras, mais de 1 tonelada de sabão e mais de 30 unidades de lãs de aço (Bombril). “Mesmo que a mercadoria chegue a Câmara, o que ainda não aconteceu, não se justificará a compra. E nós (vereadores e vereadora) não podemos ficar calados para não sermos coniventes com um fato dessa gravidade,” disse.
Pedindo para sair
O vereador Darlan Lobo (PMDB) destacou, durante seu pronunciamento, que tudo que vier para investigar, ele vai assinar. “Fui o único que disse que assina contra qualquer um, inclusive, contra mim,” disse Darlan, ressaltando que falou ao presidente que, pela moralidade e em respeito aos vereadores e ao povo, ele se afastasse. “Mas ele engrossou o cangote e não saiu. Quero que envie a denúncia a todos os órgãos de investigação para que as providências sejam tomadas,” disse.
Darlan reforçou a necessidade de serem apuradas as denúncias e qualificou a Câmara como uma vergonha. “Promotora, tire todos os vereadores daqui. É tudo uma vergonha, inclusive eu. Estamos servindo de chacota para o povo que pergunta sobre as vassouras,” desabafou Darlan, dizendo que a Câmara pode fechar as portas que será melhor para Juazeiro.
O vereador Gledson Bezerra (PTB), ressaltou a necessidade da ampla defesa em contraditório do presidente Antônio de Lunga. Sobre o fechamento da casa e a ideia de que todo vereador é uma vergonha, Gledson disse que não funciona assim. “Somos responsáveis por nossos atos e, como se diz, quem fez o angu, que coma,” disse Gledson, aparteado pela vereadora Rita Monteiro (PTdoB), que disse que na Câmara ainda existiam pessoas sérias e que deveriam ser respeitadas.
A defesa de Lunga
O presidente da Câmara, vereador Antônio de Lunga, disse que todas as compras foram feitas através de licitação e tudo está disponível. Lunga disse que não teme investigação. Perguntado sobre as notas frias, o presidente disse, em tom de ironia, que não é da Secretaria da Fazenda do Estado para saber sobre nota fria.
Segundo Lunga, o que aconteceu é que comprou a mercadoria, pagou e recebeu. Sobre as quantidades exorbitantes, o vereador presidente explicou que “às vezes você é pego de surpresa e fui levado pelos valores, não pelas quantidades. Ainda existe muito tempo pela frente e não queria ficar comprando de pouco,” explicou Lunga.
Sobre o pedido de afastamento, ele disse que continua no cargo. Para o presidente, o afastamento acontece quando se quer dificultar as investigações, o que, segundo ele, não é o caso. “A Câmara está de portas abertas para a imprensa, justiça e para polícia. Então não existe motivo para pedir afastamento,” disse.
Ao final Antônio de Lunga, fez insinuações dizendo que não empresta dinheiro da Câmara e não compra assessoria. “Analisem isso e no momento oportuno todos irão saber,” finalizou Lunga.
A Câmara deve voltar na quinta-feira (22) e acredita-se que o debate deve continuar.
(Fotos: Agência Miséria)
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