Mesmo com as consecutivas repercussões negativas sobre as investigações que envolvem a atual presidência da Câmara, os vereadores de Juazeiro do Norte, voltaram às sessões sem debater as denúncias. O presidente Antônio de Lunga (PSC) é denunciado por fraude em licitações, formação de quadrilha e por comprar material de expediente e limpeza de empresas fantasmas com notas frias e em quantidades exorbitantes.
As exceções ao silêncio foram os vereadores Darlan Lobo (PMDB), que presidiu a sessão, e Danty Benedito (PMN), autor da denúncia. Darlan usou “as palavras de um dos delegados” que investigam o caso, para dizer que abre uma suspeita o fato da Câmara não querer investigar. “Alguns colegas não gostam, mas a minha posição é que seja investigado,” disse Darlan.
Os vereadores Antônio de Lunga e Ronnas Motos (PMDB) não compareceram a sessão. Já o vereador Danty Benedito requereu que áudio e vídeo da sessão fossem enviados a Polícia Civil e ao Ministério Público do Estado (MP-CE), que investigam a presidência. Segundo o vereador, a ideia do requerimento é mostrar à justiça o silêncio da Câmara sobre o caso. As ausências dos dois investigados na sessão não foram justificadas.
O vereador Cláudio Luz (PT), avalia que a Câmara não tem condição de cortar na própria carne. “É uma tristeza para nós vereadores, mas a intervenção tem que ser externa,” disse Cláudio, defendendo que o MP, a Polícia Civil e o Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), devem continuar a apuração das denúncias e punir os culpados.
O vereador líder do governo, Sargento Nivaldo (DEM), assegurou que o prefeito Raimundo Macedo (PMDB) não tem interferência na situação. Sobre as denúncias, o vereador disse que a bancada da situação espera a conclusão dos trabalhos da Polícia Civil e MP, para tomar uma posição pelo afastamento ou abertura de Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI). “Vamos esperar para fazer o que for melhor para responder a sociedade juazeirense,” disse Nivaldo.
Sessões às claras
Durante a sessão o vereador Tarso Magno (PR) deu entrada em Projeto de Lei que torna as votações, de qualquer natureza, abertas. Segundo o vereador, a Lei é para evitar que a população fique de fora da Câmara em votações polêmicas como as que definem cassações.
“Queremos evitar que a Câmara decida sobre matérias polêmicas em votações secretas, como aconteceu na cassação do ex-prefeito Manoel Santana (PT),” disse Tarso. O projeto deve ser analisado pelas comissões e voltar ao plenário para votação num intervalo mínimo de 5 dias úteis.
A Câmara deve voltar a se reunir na próxima quinta-feira (05), mesmo sem o completo restabelecimento dos sistemas de computação, apreendidos há cerca de 10 dias pela operação “A Faxina”, da Polícia Civil.
O andamento das investigações
O delegado Tenório de Brito, responsável pelas investigações da Polícia Civil, falou a nossa reportagem e anunciou que a investigação será paralisada durante esta semana. O delegado passou parte do dia acompanhando técnicos do TCM para compartilhar informações sobre as denúncias contra o residente da Câmara.
A equipe do TCM e o delegado Tenório estiveram, ainda, reunidos com a juíza Ana Raquel Colares dos Santos Linard. Ana Raquel é titular do Juizado Especial Cível e Criminal da Comarca de Juazeiro e expediu o mandado de busca e apreensão que culminou na operação que apreendeu, além de computadores, documentos e mercadorias compradas pela Câmara.
Sobre a expectativa de que os vereadores Antônio de Lunga e Ronnas Motos seriam ouvidos nesta semana, a notícia é que isso só deve acontecer na próxima semana.
(Foto: Agência Miséria)
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