Depois de alguns dias de calmaria, a Câmara de Juazeiro do Norte, viveu na tarde dessa quinta-feira (21), durante sessão ordinária, um verdadeiro turbilhão de novas denúncias. Os vereadores Cláudio Luz (PT) e José de Amélia Júnior (PSL) usaram a tribuna para trocar denúncias e acusações.
O vereador Cláudio Luz (PT), fez pronunciamento, onde divulgou documentos que comprovam, segundo ele, um esquema de desvio de dinheiro público por parte do ex-presidente da Câmara, vereador José de Amélia Júnior.
Na denúncia Cláudio Luz, apresentou comprovações sobre a contratação de funcionários 24 fantasmas. São contracheques falsos, com altos salários, e comprovantes de depósitos em contas de laranja. Os recursos seriam desviados pelo ex-presidente e os altos valores usados para viabilizar empréstimos consignados.
O esquema, segundo a documentação, desviava cerca de R$ 37 mil por mês. Além disso, os empréstimos consignados e a sonegação do repasse ao INSS e da Previdência do Município (Prevjuno), podem ter deixado um rombo que ultrapassa a soma dos milhões de reais.
Sem deixar por menos
O vereador e ex-presidente da Câmara, José de Amélia Júnior, alvo das denúncias; subiu a Tribuna e disparou contra o vereador denunciante, Cláudio Luz. O ex-presidente qualificou a denúncia como pessoal e disse que Cláudio quer desviar o foco da Comissão Processante, que investiga o presidente afastado, Antônio de Lunga (PSC), com quem, segundo o ex-presidente, Cláudio é cúmplice no escândalo das vassouras.
O vereador Zé de Amélia foi mais longe e disse que Cláudio foi eleito com dinheiro desviado da Zona Azul e das Secretarias de Habitação e Educação, na gestão do ex-prefeito Manoel Santana (PT), onde era secretário de Segurança e sua mãe secretária de Educação. O ex-presidente chamou Cláudio Luz cara de pau e sem moral para falar de corrupção.
Sobre o vínculo com Antônio de Lunga, o vereador José de Amélia disse que Cláudio Luz, concedeu concessões falsas para as topiques de Lunga, quando era secretário de Segurança. Ele disse, ainda, que a empresa S. da S. Souza, fornecedora das vassouras da Câmara, também, forneceu mais de 2 mil ventiladores para a Secretaria de Educação, quando, a mãe de Cláudio era secretária.
Na mesma sessão
Cláudio Luz pediu a abertura de Comissão Processante para investigar as denúncias. O presidente Darlan Lobo colocou o requerimento em votação, mas, o pedido foi derrubado com 12 votos contra, 6 seis a favor e uma abstenção.
Votaram contra a abertura da Comissão os vereadores Capitão Vieira, Preto Macedo, Bertran Rocha, Didi de Amarílio, Mara Torres, Danty Benedito, Claudionor Mota, João Borges, Zé Ivan, José de Amélia, Sargento Nivaldo e Darlan Lobo. Votaram a favor da abertura, os vereadores Cláudio Luz, Rita Monteiro, Tarso Magno, Antônio Cledmilson, Gledson Bezerra e Normando Sóracles. O vereador Sargento Firmino se absteve.
Cláudio pediu que as denúncias feitas contra ele, por José de Amélia, fossem encaminhadas aos órgãos competentes e disse que assina qualquer pedido de investigação contra ele próprio. Por sua vez, José de Amélia disse que, além das denúncias aos órgãos competentes vai a Brasília provar que Cláudio Luz prevaricou como policial federal.
O vereador Adauto Araujo (PSC), pediu apenas que o debate fique apenas o âmbito político. Ele aproveitou para ressaltar a importância de se reativar a Comissão de Ética da Câmara que tinha presidente o vereador Ronnas Motos (PMDB). Fazem parte da comissão os vereadores Ronnas Motos (afastado), Adauto Araújo, Tarso Magno, Claudionor Mota e Bertran Rocha.
Detalhes das denúncias
A denúncia, feita por Cláudio Luz, já está protocolada no Ministério Público Estadual (MP-CE), Ministério Público Federal (MPF) e Polícia Civil. A denúncia foi protocolada no Ministério Público do Estado, Ministério Público Federal e Polícia Civil. Segundo o vereador, ela será encaminhada ainda ao Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e Procuradoria Geral de Justiça.
Na sua denúncia, Cláudio, entregou cópias de documentos e lista nomes que foram usados para as fraudes. Segundo a denúncia, a operadora do esquema era a ex-vereadora Mira Sampaio, atual companheira de Zé de Amélia.
Nos documentos, presentes na denúncia, a domestica da residência de Mira, na época, aparece como funcionária efetiva da Câmara com salário de mais de R$ 2 mil. A doméstica, cujo nome, pediu para ser preservado, afirmou, segundo o vereador Cláudio Luz, não saber de nada. Outro que aparece na fraude é o jardineiro da casa de Zé de Amélia, Vicente Joaquim dos Santos. Ele aparece, também, como efetivo com salário de R$ 1.521,28.
O esquema envolveu 24 pessoas que, na maioria, não sabiam que os nomes estavam sendo usados. Segundo Cláudio, os dados eram levantados a partir do momento que as pessoas procuravam o então presidente para pedir emprego. Era pedido os documentos pessoais, mas não era dado retorno a pessoa.
Cópias de comprovantes de depósitos, contidas na denúncia, indicam que o dinheiro do esquema era depositado em uma conta corrente da sobrinha de Mira Sampaio, de nome Domycia Andreia de Farias Gurgel. Os pagamentos dos funcionários eram feitos com cheque e cartão bancário, geralmente, sacados na boca do caixa, no caso dos cheques, com assinaturas falsas.
A denúncia traz cópias de contracheques, depósitos e parte da agenda contábil de José de Amélia e Mira Sampaio, denotam, segundo Cláudio, crimes e atos de improbidade administrativa.
O vereador José de Amélia disse que a denúncia escrita e com as provas serão encaminhadas aos órgãos competentes e divulgadas em breve.
(Fotos: Cícero Valério / Agência Miséria)
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