Contrariando todas as expectativas da população, a Câmara de Juazeiro do Norte, em sessão extraordinária, nessa quinta-feira (05), votou pelo arquivamento do relatório da Comissão Processante da Casa, que pedia a cassação do presidente afastado, vereador Antônio de Lunga (PSC). Na sessão, 13 vereadores votaram pela cassação; sete pela absolvição e houve uma ausência. Eram necessários dois terços dos parlamentares para cassar o mandato do vereador, ou seja, 14 votos.
A sessão, recheada de opiniões, notadamente, favoráveis a cassação, iniciou com a leitura do parecer pelos vereadores Tarso Magno (PR), relator da Comissão, e Rita Monteiro (PTdoB), secretária. Após a leitura os vereadores, Normando Sóracles (PSL), Alberto Costa (PT), Cláudio Luz (PT), Rita Monteiro, Danty Benedito (PMN) e Gledson Bezerra (PTB), usaram da palavra facultada, com tempo máximo de 15 minutos.
Normando destacou o momento histórico, citou exemplos de injustiças e mencionou trechos dos depoimentos de funcionários da Câmara e do contador, constantes no inquérito da Polícia Civil. Para o vereador, o mais triste do processo, foi a exposição negativa a que Juazeiro foi submetido. Além disso, Normando desabafou que estava triste em ter que votar escondido.
Os vereadores Alberto e Cláudio Luz, disseram que os vereadores não podiam decepcionar o povo e as próprias famílias. Alberto ressaltou que não podia ser omisso com o desmando dos recursos públicos. Já Cláudio Luz, conclamou os colegas a não ignorar as provas contidas nos altos. Para ele, o comportamento dos vereadores na votação, pode repercutir na imprensa nacional.
A vereadora Rita Monteiro citou um pensamento de Cristovão Buarque sobre o avanço da consciência política da população. O vereador Danty Benedito, autor da denúncia na Polícia Civil e Ministério Público do Estado, ressaltou que contra fatos não há argumentos. Segundo ele, o desvio está comprovado no Portal da Transparência, onde estão expostas as notas frias que confirmam a fraude.
O vereador Gledson Bezerra, disse não ter esperança de ver o mundo nascer “cor de rosa”, com decisão da Câmara. Exemplificou a cassação de um prefeito na gestão passada e, em pouco mais de 30 dias depois, a Casa já estava de lua de mel com o mesmo prefeito cassado e reconduzido ao poder pela justiça.
Por último o representante do presidente afastado, Dr. Paolo Giorgio Quezado Gurgel e Silva, destacou a importância do dia para o aprofundamento da democracia. Paolo exemplificou a Revolução Francesa que, num julgamento sumário e sem direito a defesa decapitou o, então Monarca, Luis XVI. Para o procurador, a Câmara poderia cometer o mesmo erro nesse dia. Paolo destacou que a defesa, desde o início do processo, alegou atropelamento de fases primordiais, o que, segundo Paolo, inviabilizou uma defesa consistente.
Após as explanações o presidente interino, vereador Darlan Lobo (PMDB), orientou o processo de votação com a conferência da urna e das cédulas. Em seguida, os vereadores foram convocados, por ordem de chamada, para votarem.
A votação obedeceu a seguinte sequência: Normando Sóracles, Capitão Vieira, Danty Benedito, Bertran Rocha, Cláudio Luz, José de Amélia Júnior, Alberto Costa, Tarso Magno, Rita Monteiro, Gledson Bezerra, Didi de Amarílio, Sargento Firmino, Claudionor Mota, Zé Ivan Leiteiro, Sargento Nivaldo, Antônio Cledmilson, Preto Macedo, Adauto Araujo, Darlan Lobo. A vereadora Mara Torres, justificou a sua falta por motivo de doença.
Repercussão
O vereador Darlan Lobo, disse estar decepcionado com o resultado e que é uma pena que sete vereadores demonstraram não ter compromisso com o povo. Darlan avaliou que o voto secreto é ruim nesses casos. Mas, num todo, o vereador disse achar natural e ressaltou que a Câmara merece a volta do presidente afastado, inclusive, na presidente da Casa.
Normando disse que o problema estava em como ter que sair às ruas e encarar o povo. Para ele, o voto secreto coloca todos no mesmo patamar e penaliza sem distinção.
Cláudio Luz avaliou como sendo um momento de grave crise ética e política. Para ele, a Câmara perdeu a oportunidade de vencer essa crise; mas se perdeu, aprofundando ainda mais a mesma crise. Cláudio disse, ainda, que a Câmara, infelizmente, votou contra a vontade popular.
O advogado Paolo Gurgel ressaltou que a decisão permitiu a Antônio de Lunga, por parte dos parlamentares, que Antônio de Lunga precisa continuar na Câmara. Segundo Paolo, deve seguir com a defesa nos processos em curso na justiça para que ele permaneça no seu cargo, inclusive, na presidência da mesa diretora.
O grande número de populares presentes a sessão se manifestarão de forma contundente demonstrando suas insatisfações. Foram exibidas vassouras e óleo de peroba, mercadorias adquiridas em quantidades exorbitantes pelo presidente afastado, mas absolvido pela Câmara.
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