Com uma dívida que deve ultrapassar o
valor de R$ 1 milhão, o município de Juazeiro do Norte tem travado a ampliação
dos serviços da Policlínica João Pereira dos Santos e está a ponto de comprometer
a continuação dos serviços prestados a população. Isso é o que garantem
diretores e funcionários do equipamento que preferem não se identificar.
A Policlínica é um equipamento público,
viabilizado pelo Governo do Estado, pertencente a 20ª região de saúde e que
atende a consultas e exames em 13 especialidades. Hoje, a administração do
equipamento é feito por um consórcio público entre os municípios de Juazeiro do
Norte, Barbalha, Missão Velha, Jardim, Granjeiro e Caririaçu. O prefeito de
Barbalha, José Leite Gonçalves Cruz, o Zé Leite (PT), preside o consórcio.
O valor de custeio é dividido entre os
municípios (50%) e o Governo do Estado (50%). Os municípios repassam de acordo
com seu contingente populacional. O valor é retido do ICMS dos municípios, mas
precisa de autorização prévia dos gestores municipais. Em seis meses dentro do
consórcio, o município de Juazeiro do Norte não repassou nenhuma parcela.
Prefeitos e secretários de Saúde dos municípios,
não quiseram gravar entrevistas, mas admitem que a situação é crítica e exige
uma medida urgente. Juazeiro é o maior município e, consequentemente, tem a
maior responsabilidade financeira. Desde o início do funcionamento, em janeiro
deste ano, a Policlínica já atendeu 15 mil pacientes, dos quais, cerca de 50%
foram de Juazeiro do Norte. Só nos meses de agosto e setembro foram atendidos
2.441 pacientes do município inadimplente.
Mensalmente, durante a reunião de
prestação de contas, entre a direção da Policlínica, os gestores municipais de
Saúde e representante da coordenadoria regional da Secretaria do Estado, o
assunto é abordado, mas até agora o representante do município não se
manifestou sobre o pagamento.
Sobre o assunto, o secretário de Saúde de
Juazeiro do Norte, Plácido Basílio, disse que não existe nenhum convênio
assinado entre a prefeitura e a Policlínica que justifique fazer o pagamento. Segundo
o secretário ficou acertado que enquanto a Policlínica não ofertasse todos os
serviços que o município necessita e tem direito, o convênio não seria assinado.
“É um repasse em torno de R$ 260 mil, onde Juazeiro perde dinheiro se
considerar o custo benefício,” disse o secretário.
O secretário reclama, ainda, que o
Município não está recebendo a totalidade da demanda ofertada pela Policlínica.
“É interessante que sentemos novamente e a Policlínica apresente o que está
sendo ofertado para se entre em um consenso,” disse Plácido Basílio,
ressaltando que só então vai assumir o início dos pagamentos em acordo com a
Secretária de Saúde do Estado.
Nessa terça-feira (05), uma reunião
entre a diretora da Policlínica, Luciana Matos, o presidente do consórcio, Zé Leite,
e representantes da Secretaria de Saúde do Estado e Prefeitura de Juazeiro do Norte,
discutiu a responsabilidade do repasse de Juazeiro e sua continuação no
consórcio. O resultado, ainda, não foi divulgado.
Histórico da crise
A Policlínica foi inaugurada em 17 de
dezembro de 2013 e iniciou as atividades em 20 de janeiro desde ano. Ainda,
quando da inauguração, o prefeito de Juazeiro, Raimundo Macedo (PMDB), disse
que não tinha interesse de fazer parte do consórcio, pois segundo ele, o município
já dispunha dos serviços no município.
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