quinta-feira, 19 de março de 2015

Cid Gomes é demitido após “desastre” na Câmara

O Ministro da Educação e ex-governador do Ceará, Cid Gomes, foi demitido do Ministério logo após abandonar a sessão da Câmara Federal, na tarde dessa quarta-feira (18), onde prestava esclarecimentos sobre sua afirmação de que naquele Poder existiam entre 300 e 400 achacadores.

Apesar de informações da assessoria do ministro darem conta de que ele teria entregue a carta de exoneração; no Congresso é fato que Cid foi demitido, sumariamente, ao desconsiderar a orientação da presidenta Dilma Rousseff (PT) para pedir desculpas. A demissão foi anunciada cerca de 30 minutos após o abandono da sessão.

Durante a sessão, o ex-governador acabou fazendo uma meia culpa sobre a afirmação, mas não retirou as palavras nem, tampouco, pediu desculpas. Cid foi bombardeado com denúncias de calote, quando governador do Ceará, e chegou a ser qualificado como “palhaço e político pequeno”. Sua demissão foi solicitada pelo plenário, ainda, durante a sessão.

Os deputados pediram que o ministro declinasse nomes para justificar a afirmação, o que, não aconteceu. Quando Cid abandonou a tribuna – atitude considerada pelos deputados, como desrespeito e grosseria – ainda havia cerca de 71 inscrições para rebater o, agora, ex-ministro.

Cid caiu atirando

O ex-ministro caiu, mas caiu atirando. Essa era a avaliação dos aliados de Cid presentes no plenário e nas galerias da Casa. Durante seu pronunciamento, Cid acusou o presidente da Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de se beneficiar do Poder e pediu aos outros deputados que largassem o osso.

Para Cid a crise com o Legislativo vem de alguns partidos que insistem em manter a corrupção. O ex-ministro chegou a dizer que existe em qualquer parlamento a situação e a oposição. Pediu que os deputados decidissem suas posições. O comentário foi uma critica ao PMDB que, segundo ele, hora é oposição, hora é situação.

Detalhe 

O ex-ministro parece ter recebido duas orientações sobre a atitude a ser tomada diante do caso. A primeira da presidenta Dilma, que solicitou um pedido de desculpas. E a do irmão Ciro Gomes, que defendeu partir pro ataque e voltar para casa. Ciro deu entrevista horas antes, justamente, fazendo esta defesa. Cid acabou obedecendo ao irmão. A decisão pode tirá-lo da vida pública nacional pela porta dos fundos.

Ao que perece, tudo foi arquitetado cuidadosamente. No inicio da sua fala Cid foi calmo e ponderado, falando sobre projetos do ministério. Em seguida, foi subindo o tom gradativamente até atingir o cume atacando o Poder no seu líder, o presidente Eduardo Cunha. Avaliou que para baixar a guarda da Câmara era preciso desqualificar seu líder.

Para terminar com chave de ouro, a jogada de marketing usada pelo ex-ministro foi a frase “larguem o osso”, em referencia aos deputados. A tática de Robin Hood, até poderia ter emplacado não fosse Cid Gomes um dos principais exemplos de perpetuação no poder no Ceará.

Os mandatos de deputado estadual, prefeito de Sobral e Governador, os mantiveram no poder por mais de 20 anos, vivendo do dinheiro público. Ou seja, fica difícil convencer com a velha máxima: faça o eu digo, mas não faça o que eu faço.

Na verdade, Cid Gomes teve uma bela carreira política e era um político bem promissor em Brasília, mas depois da tarde de ontem, parece que vai seguir o caminho do irmão no cenário nacional; ou seja, limitar-se a um mero falastrão gerador de crise.

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