Além dos sucessivos desgastes com acusações de
dilapidação do patrimônio da Igreja Católica no Cariri, a Diocese do Crato deve
enfrentar mais uma polêmica nos próximos dias. Depois de anos afirmando estar
trabalhando para tornar Padre Cícero Romão Batista, um santo popular, a Diocese
assumiu que nenhum pedido de beatificação, primeiro estágio do processo, foi encaminhado
ao Vaticano.
A beatificação e a consequente canonização, são
processos que dependem do perdão e da reconciliação do Padre Cícero com a
Igreja, fato que só teria acontecido recentemente. Mesmo garantindo a
veracidade do documento que reconcilia o Padre Cícero com a Igreja, o comando
da Diocese admite, ainda, não existir qualquer perspectiva para que seja
protocolado pedido de beatificação do Padre Cícero.
A revelação, feita a imprensa local pelo chanceler
da Diocese, Armando Lopes Rafael, deixa a comunidade católica com pouca esperança
de ver o Padre Cícero santificado. Segundo o chanceler não há qualquer
movimento na Diocese no sentido de encaminhar o pedido de investigação do milagre
que possa tornar Padre Cícero beatificado, diante do Vaticano.
A informação é reafirmada pelo bispo dom Fernando
Panico, que afirma ser preciso dar mais tempo e que é preciso ter prudência
antes de encaminhar o pedido ao Vaticano. Dom Fernando chegou a afirmar que
essa não é a vontade do seu coração, mas não definiu data para o encaminhamento
do pedido.
As novas revelações colocam em dúvida a eficácia
dos trabalhos da Comissão, formada por dom Fernando Panico, que foi a Roma em 2006
dar entrada no processo de reabilitação. Se as interpretações das cartas forem realmente
uma farsa, os católicos podem ultrapassar uma década sem qualquer decisão do
Vaticano.
Na avaliação de ‘leigos’, opositores e apoiadores do
episcopado de dom Fernando, o pedido não foi encaminhado porque não existiu
reconciliação. “O que houve foi um terrível equivoco. É preciso fazer uma nova
leitura dos documentos. As Cartas não falam em reconciliação,” avaliou o pesquisador
e escritor José Sávio Sampaio.
O escritor defendeu a liberdade de pensamento e
criticou o silêncio dos fieis católicos. “Não sei por que as pessoas têm medo
de falar sobre a Igreja. Então vem a pergunta: medo de que? Dos amigos ou das
autoridades religiosas? Quando acreditamos na verdade, temos a liberdade para
se expressar. Não podemos temer a verdade,” criticou José Sávio.
Em matéria publicada recentemente, o Jornal O Dia,
do Rio de Janeiro (RJ), tratou o caso da reconciliação como possível farsa,
alimentada pelo bispo dom Fernando Panico. Segundo a matéria, a falsa
interpretação pode ter apenas cunho financeiro, visando o aumento dos fieis e a
consequente arrecadação para a Diocese.
“Em momento algum o Vaticano fala em reabilitar,
reconciliar ou perdoar o Padim Ciço. Apenas realça as qualidades de Cícero,
nada mais. É embromação”, disse à reportagem de O Dia, o advogado Lauro
Barretto, estudioso de processos canônicos.
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