A
redação do Jornal do Cariri recebeu na última semana uma série de gravações, em
áudio, que comprovam o comando da Diocese do Crato na invasão de um terreno em
Juazeiro do Norte. As gravações, feitas por um dos participantes da invasão,
durante as reuniões realizadas no fim de cada dia de atividade, mostram que o
assessor jurídico da Diocese, advogado Hiarles Macedo, está à frente da
articulação do movimento que já reúne cerca de 200 famílias.
Entre
as várias revelações, mostradas pelos áudios, a ligação política entre o
advogado e o líder do movimento Francisco Gomes, o Chico Gomes, fica bem clara.
Em uma das gravações Chico Gomes declara ser muito próximo de Hiarles,
principalmente, pela ligação política entre os dois. Hiarles é, ainda, o
orientador jurídico do grupo. O advogado é citado por Chico Gomes em vários
momentos das reuniões.
Em
outra gravação, o líder Chico Gomes revela que a invasão aconteceu para
pressionar o Superior Tribunal Federal (STF) e que foi autorizada pelo comando
da Igreja. Chico Gomes diz claramente que a única possibilidade de desocupação
e a finalização do movimento dependem de uma ordem do bispo Dom Fernando
Panico. Durante a reunião a afirmação foi repetida por várias pessoas presentes.
Ainda,
segundo as gravações, na última semana o advogado Hiarles acompanhou um grupo
de invasores até a delegacia para registro de um Boletim de Ocorrência (B.O.)
contra a proprietária do terreno, a empresa FP Empreendimentos, e seu
representante legal, Francisco Pereira.
Na
mesma semana o comando do movimento decidiu pela redação de uma carta, dirigida
ao STF, pedindo a resolução da causa em favor da Diocese do Crato. O processo, que deve ter o mérito
julgado em breve, percorre as instâncias do Judiciário há cerca de 5 anos e
ainda espera uma decisão definitiva.
O
terreno mede cerca de 5.000 m2 e está localizado nas proximidades do Bairro
Vila Real 2. A área, invadida no dia 23 de abril, é objeto de uma disputa
judicial entre a empresa FP Empreendimentos e a Diocese do Crato. A Diocese
pede a anulação da venda da área realizada pelo então padre Murilo de Sá
Barreto, responsável pela administração da herança do Padre Cícero.
O
bispo dom Fernando alega que a venda aconteceu sem o consentimento da Diocese.
Dom Nilton Holanda era o bispo na época e já teria revelado, em off, que foi
consultado sobre a venda e teria consentido. Dom Nilton se recusa a gravar
entrevistas ou falar sobre o assunto com a imprensa. Pessoas próximas a dom
Nilton garantem que ele teme represálias do atual grupo que comanda a Igreja
Católica no Cariri.
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