Opinião. Liberdade de José Dirceu e Eike Batista traduz uma justiça omissa
Eike Batista e José Dirceu estão livres. Lembrei de um programa Roda Viva, da TV Cultura, exibido logo após as denúncias do ex-deputado federal Roberto Jeferson, que detonou José Dirceu revelando o escândalo do Mensalão.
O ano era 2006 e o cenário do programa trazia,
em seu formato, apenas um entrevistador, que serviu mais como mediador de um
caloroso debate entre representantes do PT, PSDB, PFL e PPS.
Marcou-me a imagem do cenário montado sob a representação
de um mar de lama cheios de pegadas. Mas na verdade aquele cenário, juntamente
com o debate, foi a representação mais fiel da situação política brasileira percebida
até os dias de hoje.
Desde 2005, quando se descobriu aquele mensalão,
prevalece o debate das hienas sorridentes contra os cachorros magros, ambos querendo
esconder os restos do filé gordo que acabaram de roubar. No meio da confusão a
preguiça (bicho), sempre em cima do muro, ora atacando, ora defendendo, com ar
de boa moça. “Seria cômico, se não fosse trágico”, esse ensaio de comédia
pastelão que deteriora a vida dos brasileiros.
Uma única frase de um dos deputados petistas,
em resposta a um senador baiano, disse tudo: “Vossa excelência quer negar que
no seu partido TAMBÉM não existe caixa dois”. Traduzindo: O senhor quer negar
que não estamos todos no mesmo barco. No final, percebemos que, na verdade, são
todos iguais.
José Dirceu foi condenado há 10 anos de
prisão pela articulação do mensalão, mas foi solto. E o resultado é que Dirceu
voltou a atacar, se envolvendo em propinas da Petrobras. Pela Lava Jato, foi
condenado novamente a 23 anos e acaba de ser solto novamente. Ou seja, o que
esperar de Dirceu a não ser outro ataque contra o povo. É o velho caso da
polícia que prende e a justiça solta.
É importante deixar claro que não estamos aqui
para julgar. Não é o nosso papel. Mas, não podemos nos refutar ao direito de
cobrar o que foi prometido. Os políticos deste país, nos devem isso: o mínimo
de ética política e responsabilidade social.
E a justiça tem o dever de cobrar e punir quem se desviar dessa conduta.
Mas, na prática isso é apenas sonho e prevalece a máxima do “faça o que eu
digo, mas não faça o que eu faço”.
Casos como o do Eike Batista, José Dirceu, Roberto
Jeferson, Fernando Collor, dos anões do orçamento, da Georgina de Freitas, do
juiz Nicolau; dos envolvidos nas operações Navalha na Carne, Fundos de Pensão
da Previ, Banco Marka, Vampiros da Saúde, Zelotes e a monumental Java Jato, nos
fazem perder a esperança na justiça brasileira.
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