Enquanto a Câmara de Juazeiro do Norte permanece em silêncio sobre as denúncias contra seu presidente, Antônio de Lunga (PSC), as investigações realizadas, conjuntamente, por Polícia Civil, Ministério Público do Estado (MP-CE) e Tribunal de Contas dos Municípios (TCM), seguem a todo vapor.
Durante toda a última semana, os delegados Tenório de Brito e Marcos Antônio, se revezaram em diligencias aos locais apontados no inquérito e que foram alvo das buscas e apreensões da operação “A Faxina”, realizada pela Polícia Civil. O retorno aos locais, como os depósitos e anexo da Câmara, onde foram apreendidas mercadorias, tem como objetivo dividir informações com MP e TCM para que as investigações sigam alinhadas.
Além da visita aos locais indicados no inquérito, a Polícia Civil divide informações sobre documentos e devem analisar, também conjuntamente, o resultado da perícia nas memórias (HDs) dos computadores apreendidos. Na terça-feira (03), estiveram reunidos os delegados que acompanham o caso, a promotora Alessandra Magda (MP-CE), membros do TCM e a juíza Ana Raquel Linard, que expediu o mandado de busca e apreensão para a operação.
Com o afastamento momentâneo do delegado Tenório de Brito, coordenador das investigações; notícia confirmada informalmente pelo próprio Tenório, em razão das muitas atividades acumuladas na Delegacia Regional de Juazeiro do Norte, portanto, não oficial, o delegado Marcos Antônio deu sequência aos trabalhos. Já na quinta-feira (05), o delegado fez novas diligencias aos depósitos, onde ainda estão estocadas parte das mercadorias compradas pela Câmara. Marcos Antônio estava acompanhado de agentes da Polícia Civil e da equipe do TCM.
O inquérito, que pode colocar os vereadores Antônio de Lunga, presidente da Câmara, e Ronnas Motos, tesoureiro da Casa, atrás das grades, deve ser concluído, após o resultado da perícia nos computadores e o depoimento dos dois, envolvidos diretamente, e mais outros oito vereadores. A polícia já ouviu funcionários da Câmara, mas os vereadores devem ser ouvidos após o resultado da perícia.
A posição da Câmara
Decididos a esperar o resultado das investigações em curso, os vereadores acabaram no retorno dos trabalhos, após duas sessões canceladas, afinando o discurso a fim de diminuir o desgaste sofrido pela casa. Mesmo os vereadores Darlan Lôbo (PMDB), vice-presidente, e Danty Benedito (PMN), autor da denúncia, já desistiram de fazer com que a Câmara também investigue a denúncia. O detalhe, no caso do silêncio dos vereadores, é que grande parte diz que assinaria qualquer pedido de investigação pela casa. O problema é que ninguém encaminha o pedido.
A base do prefeito Raimundo Macedo (PMDB), maioria na casa, através do seu líder, vereador Sargento Nivaldo (DEM), assume a postura de “esperar o resultado da investigação da justiça para tomar um posicionamento e dar uma satisfação à sociedade juazeirense”. Na contramão dessa postura, mas avaliando não encontrar eco, entre os colegas, para a investigação interna, o vereador Darlan, disse que apesar de ter resolvido esperar, não abre da sua posição de abertura de uma Comissão Processante.
O vereador Cláudio Luz (PT), destaca que não acredita que a Câmara terá a coragem de “cortar na própria carne”, por isso, defende que a intervenção seja externa. “Espero apenas que a conclusão do inquérito satisfaça a expectativa da população, que quer justiça no caso, e que os prováveis culpados sejam punidos,” disse.
Corre nos bastidores
Apesar de, ainda, não confirmado oficialmente, o presidente da Câmara, Antônio de Lunga, deve mesmo ficar sem partido. Na quinta-feira (04), Lunga e o colega de bancada, vereador Adauto Araujo (PSC), estiveram em Fortaleza, oficialmente, para decidir os rumos do diretório municipal de Juazeiro, sem presidente desde a saída do empresário Cícero Joaquim.
Extra oficialmente, Lunga teria sido convocado pelo presidente estadual da sigla, Francisco Wellington Saboia, para prestar esclarecimentos sobre o caso das vassouras. Diante do não convencimento das explicações, teria sido anunciada a desfiliação. O presidente Antônio de Lunga, já voltou a Juazeiro com a tarefa de procurar o prefeito Raimundo Macedo para ajudar na procura por outra sigla.
Mesmo trocando de partido, Lunga não deve perder o mandato. A decisão pela saída partiu do próprio partido, o que, descaracteriza a infidelidade, pré-requisito para a perda.
Mesmo amparado pela blindagem dos colegas de Câmara, Antônio de Lunga, está sem partido e acuado pela reprovação da opinião pública. No sábado (07), o presidente e o caso das vassouras foram alvos de protestos durante os desfiles cívicos em Juazeiro do Norte. Há a expectativa de que ainda essa semana, Lunga renuncie ao cargo de presidente.
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