O Governo de Michel Temer parece estar desmoronando mais cedo que se
imaginava. A crise do espigão baiano derrubou Geddel e, de quebra, colocou Temer
na berlinda, com relação a acusação de tráfico de influência. Em depoimento à
Polícia Federal, o ex-ministro da Cultura, Marcelo Calero, disse que Temer o
pressionou para liberar a obra em favor de Geddel; Pior, ele entregou gravações
que comprovam suas afirmações. Estavam grampeados, além de Temer, o ministro
Geddel Vieira Lima, Secretaria de Governo, e Eliseu Padilha, Casa Civil.
A informação bombástica, caiu como prato cheio para a oposição, liderada
pelo recém desgovernado PT, que não perdeu tempo e, liderado pelo senador
Lindberg Farias, pediu o impeachment de Temer. Pelo menos, por enquanto, é
pouco provável que a vontade prospere no Congresso; mas, os petistas sabem
disso. Na verdade, a tática é jogar combustível nas manifestações populares e
motivar mais ocupações, intensificando o coro pelo “Fora Temer”.
As gravações de Marcelo Calero já estão nas mãos do Ministério da Justiça.
Geddel já é investigado pela comissão de ética do Governo e será denunciado
pela Procuradoria-Geral da República, por ter cometido os crimes de advocacia
administrativa, usando seu cargo público em benefício próprio. A isso, dá-se o
nome de tráfico de influência.
A semana só não foi
melhor para a oposição porque um dos seus maiores ícones, o
deputado federal José Guimarães foi envolvido em mais um escândalo de corrupção.
Na manhã do
dia 24, a Polícia Federal divulgou uma nota sobre a conclusão de inquérito, no
âmbito da Operação Lava Jato.
A nota da PF diz
que a investigação comprovou que Guimarães recebeu propina do colaborador
Alexandre Romano. O pagamento pela sua intervenção junto ao ex-presidente do
Banco do Nordeste (BNB), Roberto Smith, para a liberação de R$ 260 milhões em
favor do grupo Densevix (Engevix), para execução de projetos se usinas eólicas.
Segundo a PF, a propina seria de R$ 97,7 mil pagos
com dois cheques. O primeiro, no valor de R$ 30 mil, foi descontado pelo
escritório de advocacia “Bottini e Tamasaukas”, que defendeu Guimarães numa
ação no STF. O segundo, no valor de R$ 67,7 mil, estava nominal a uma fábrica
de papel fornecedora da gráfica usada pelo deputado.
Para a PF há elementos suficientes para apontar a
materialidade e autoria dos crimes de corrupção passiva qualificada e lavagem
de dinheiro. O inquérito concluído já tramita no Supremo Tribunal Federal (STF).
Guimarães nega tudo e sustenta que é inocente das acusações.
E nada mais a dizer!
O pesadelo de
Guimarães deu novo folego a Temer. E para ver a tempestade passar o
presidente cambaleante tenta fazer sua parte com o anuncio de pautas positivas.
Para o Ceará foi anunciada a liberação de R$ 40 milhões para obras de combate
a efeitos da seca no estado.
O anúncio feito pelo ministro da Integração Nacional, o jovem Helder Barbalho, filho do
conhecido senador Jader Barbalho; e teve a carona do deputado federal cearense
Danilo Forte para o anúncio da data de 8 de dezembro para a visita. Danilo é aquele
amigo íntimo do ex-presidente da Câmara, o ex-deputado Eduardo Cunha.
Fazem parte, ainda, da festa dos R$ 40 milhões, os senadores
Tasso Jereissati (PSDB) e Eunício Oliveira (PMDB), além do governador Camilo
Santana (PT), esse último, aliás quem fez a solicitação. Nas palavras do
ministro Barbalho, o recurso será distribuído em obras de captação de água para
garantir a distribuição, sobretudo na Região Metropolitana de Fortaleza. A ação
é emergencial e os R$ 40 milhões é, para o ministro, em respeito ao Nordeste.
Realmente valemos
muito pouco. Agora é aguardar a festa dos fogos e o viva ao Brasil.