terça-feira, 3 de novembro de 2015

Bispo leva religiosos à Delegacia e causa revolta entre católicos

O bispo Diocesano do Crato, dom Fernando Panico, entrou em rota de colisão com parte significativa do Clero caririense ao registrar queixa crime contra dois religiosos pertencentes á sua área administrativa. Os alvos do bispo, através de abertura de processos civis, foram o monsenhor José Hunor, monsenhor Bosco, e mais: um ex-seminarista, dois ex-coroinhas e o juiz aposentado Vanderlei Landim, todos ligados a movimentos da Igreja.

Dom Fernando acusa os religiosos de tramar contra sua pessoa e seu bispado com a divulgação de vídeos e informações, avaliadas pela cúpula da Diocese como mentirosas e caluniosas. Nos últimos dias do mês de setembro, cinco dos seis acusados foram indiciados em inquéritos policiais e compareceram à Delegacia de Polícia Civil do Crato para prestarem esclarecimentos. Os indiciados prestaram depoimentos sobre o envolvimento na divulgação de vídeos, vindos a público recentemente.

A atitude de dom Fernando desencadeou uma série de críticas e revolta na comunidade católica. Nas redes sociais grupos católicos como a “União Católica Diocesana”, já articulam manifestação contra a atitude do bispo. Os dois religiosos não quiseram falar sobre o assunto, mas pessoas próximas ao Monsenhor José Hunor, informaram que o religioso, com mais de 60 anos de sacerdócio, estava abalado em consequência do constrangimento.

Na Ação Civil, o bispo diocesano pede indenização financeira pelo que considera calunia e difamação. Apesar de não querer ter seus nomes divulgados, as três pessoas ligadas aos movimentos católicos, citados no processo, chamam a atenção para o fato do bispo querer ressarcimento financeiro, quando, segundo eles, o natural na igreja é que se peça retratação.

Movimentos

Vários movimentos já se organizam para exigir do bispo explicações sobre as denúncias. Um desses movimentos católico, composto por pessoas ligadas a igreja, organiza uma abaixo assinado que circula em todas as Paróquias do território diocesano. O documento pede mais celeridade na apuração das investigações de denúncias de desvio de dinheiro, dilapidação do patrimônio da Diocese, conduta inadequada ao cargo e estelionato.

O documento que pede, ainda, a realização de uma auditoria interna nas contas da Diocese do Crato, deve ser encaminhado a Congregação dos Bispos e a Assinatura Apostólica (Embaixada do Vaticano no Brasil).

Além do abaixo assinado que deve ser encaminhado nos próximos dias, o grupo liderado pelo juiz aposentado Dr. Vanderlei Landim, já encaminhou vários dossiês a Embaixada, mas nunca obteve respostas. A comunidade católica não descarta a possibilidade de corporativismo para que as denúncias não cheguem ao conhecimento do Papa Francisco.

Dentro da Igreja Católica do Cariri, dom Fernando enfrenta duras críticas de padres e monsenhores que pedem explicação sobre as denúncias. Entre os mais críticos estão Monsenhor Bosco (Reitor do Santuário Eucarístico), Monsenhor Hunor (Padre Aposentado), Padre Rocildo (Professor do Seminário), Padre Ricardo (Padre da Paróquia de São José Operário), Dom Newton Holanda (Bispo Emérito) e os representantes da Igreja em Portugal, Padre Raimundo Elias e Sandoval.

Falamos com a assessoria jurídica da Diocese que nos atendeu e prometeu retornar o contato com as informações, mas até o fechamento desta edição, não houve o retorno.

Um comentário:

  1. Caríssimo Madson Vagner,
    Minhas Cordiais Saudações!
    Começo por dizer que desconheço, por completo, as suas fontes de informação. Entretanto, para o bem do jornalismo sério que você pratica, sinto-me no dever de fazer algumas observações respeitantes a esse artigo. Primeiro, nós, Padre Raimundo Elias e o Padre Lindoval não somos representantes da Igreja em Portugal, mas, tão somente, sacerdotes da Diocese de Crato que trabalham em Portugal. Segundo, ainda que, naturalmente, tenhamos - como todos os outros - as nossas opiniões sobre os acontecimentos relativos à Diocese, jamais emitimos qualquer parecer ou fizemos qualquer comentário sobre o assunto, que merecesse publicidade. Terceiro, mesmo sendo padres incardinados à Diocese de Crato, estamos, no momento (no meu caso, Pe. Elias, já há nove anos), subordinados a uma outra Diocese, a um outro bispo, num outro país e continente e, por isso mesmo, sem o direito de interferir em questões internas da Diocese. Para isso, os que aí estão podem fazê-lo em pleno, tanto os religiosos quanto os leigos. Por último, o nosso único desejo, pelo qual rezamos e fazemos votos, é que tudo se resolva logo e da forma menos prejudicial possível, à nossa Igreja Diocesana e ao nosso povo, bom e fervoroso.
    Atenciosamente,
    Pe. Raimundo Elias Filho.

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