quinta-feira, 11 de abril de 2013

Juazeiro pede socorro após 100 dias de governo Raimundão


Sufocado por denúncias que estouram sistematicamente na Câmara Municipal, o novo governo de Juazeiro do Norte, segundo pronunciamentos de vereadores da bancada de oposição, não consegue dar as respostas que a sociedade espera e mergulha a terra do Padre Cícero em um verdadeiro caos político e administrativo.

Com secretarias inoperantes, como Infraestrutura, Cultura, Esporte e Saúde; além de setores acuados por denúncias como a Licitação, a máquina administrativa relevou as demandas e acabou sendo pautada por elas. Nas últimas semanas, o município tem assistido, e sofrido, com as fortes chuvas que acabam castigando a população por falta de planejamento estrutural.

Casas em estado de risco, ruas esburacadas, calçamentos levados pela água, ruas intransitáveis e verdadeiras crateras abertas em pleno centro, têm feito parte da paisagem da cidade. Sobre o assunto, na última sessão da Câmara, os vereadores Cláudio Luz (PT) e Preto Macedo (PMDB) trocaram acusações. Luz acusou Raimundão de ser negligente com as questões estruturais de Juazeiro; enquanto isso, Preto fez uma defesa pessoal do prefeito que, segundo ele, está cansado de “apanhar”.

Após cem dias de governo Raimundo Macedo, são vários os setores destacados por tensões e erros grosseiros de avaliação. Exemplo disso foi a condução da decisão de fechar escolas na zona rural sem conversar com os envolvidos. Essa falta de habilidade tem se mostrado, até com mais vigor, na condução política e interação com o legislativo.

Relação conflituosa com a Câmara

A crise que passa a administração Raimundão, na sua forma institucionalizada, começou ainda no mês de janeiro, quando o prefeito esnobou os vereadores Darlan Lobo e Ronnas Motos, ambos do PMDB, e acabou perdendo a eleição para mesa diretora da casa.

“Vereador que pensar em ganhar o dinheiro da prefeitura, é melhor montar um comércio. Aqui não vai ter dinheiro pra vereador”, tencionou Raimundão. “Ele me ofereceu R$ 500 mil e mais presidência para mudar de lado,” respondeu Darlan. A dificuldade de dialogo com a oposição acabou mergulhando o governo Raimundo Macedo em uma das mais profundas crises política já vista em Juazeiro.

Esses foram dias em que o cidadão de Juazeiro ouviu vereador denunciando tentativa de coação financeira, aliados ameaçando deixar o governo por falta de participação e derrotas constantes na Câmara, como na emblemática abertura de três CPIs, para investigar, entre outros, desvio de verba na construção de três Creches, ainda, no primeiro governo Raimundão (2005-2008).

Nesses cem dias, para ganhar alguma votação era preciso torcer para que, pelo menos, um vereador da oposição faltasse à sessão. Além disso, o prefeito ficou altamente dependente dos vereadores Gledson Bezerra (PTB) e Tarso Magno para sua defesa, já que, os outros que compõem sua base, não têm na oratória e na argumentação firme seus pontos fortes. Para piorar, Tarso já se declarou independente.

Por várias vezes, os vereadores ficaram próximo da agressão verbal, em tentativas de defesa e ataque. Os conflitos na Câmara visto nos cem primeiros de governo Raimundão, deram uma visão de uma administração de futuro incerto e onde tudo pode acontecer.

Uma profunda crise institucional

A crise institucional começou ainda em janeiro, quando, ao anunciar o secretariado, o prefeito Raimundo Macedo, colocou na Saúde, pasta estratégica, um interino. Dr. Micaelce Santana, durou pouco. Mas, o quadro se aprofundou com o pedido de exoneração do então secretário efetivo, Dr. Damásio Soares, no início deste mês. Em menos de cem dias Juazeiro já conheceu o terceiro secretário de Saúde e espera por ameaças de fechamento de hospitais.

No mesmo ritmo, a Secretaria de Cultura viu o radialista, poeta e artista popular, Wellington Costa, pedir exoneração, visivelmente insatisfeito. Já no caso do esporte, a juventude viu o secretário Professor Antônio dizer que vai “tapar” o buraco, projetado para ser uma piscina semiolímpica. Antônio está desfiliado do PCdoB e, segundo, Aurélio Matias, dirigente do partido, não tem interlocução junto ao Ministério do Esporte que está sendo ocupado pelo partido.

Na licitação, bombardeada com denuncia e vigília de uma comissão de vereadores a cada concorrência pública, a chefe do órgão não aguentou a pressão e, também, pediu exoneração, dando a Marcelo de Lima. Sefora Barbosa foi convocada três vezes à Câmara, mas não atendeu aos chamados.

Na educação a situação é pior. Depois de retirar gratificações dos professores, reduzindo consideravelmente seus salários, a secretária Célia Viana esbanjou dinheiro na dispensa de licitação da merenda que não chegou às escolas. O detalhe é que a empresa agraciada com a dispensa de licitação, no valor de R$ 1,7 milhão, é ligada das diretoras da Secretaria. E mesmo com tantos desgastes, Célia se mantém.

Em cem dias do governo Raimundão, o que se percebeu coletivamente, mesmo dimensionando todas as dificuldades existentes numa cidade do porte de Juazeiro, é a falta de ações na saúde, negligencia na infraestrutura, falta de proposta para a cultura, desrespeito às conquistas dos trabalhadores da educação e, entre muitas outras, uma enorme inabilidade política.

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