quarta-feira, 18 de junho de 2014

MP investigará “lavanderia” na venda de combustível em Juazeiro

O Ministério Público do Estado do Ceará (MPCE) deve iniciar investigação relacionada à possível lavagem de dinheiro na prefeitura de Juazeiro do Norte. A denúncia, formalizada pelo vereador Cláudio Luz (PT) nessa segunda-feira, 16 de junho, aponta pagamentos superfaturados no fornecimento de combustíveis na gestão do prefeito Raimundo Macedo (PMDB).

Além de superfaturamento, o vereador denuncia direcionamento em licitação e menciona o pagamento de valores em espécie à Rede de Postos “FP Petróleo Ltda.”. O vereador utiliza como base o vídeo veiculado pelo jovem Diego Torquato, filho do empresário Carlos Henrique Torquato, representante da FP Petróleo. No vídeo, Diego exibe um grande volume de dinheiro e diz estar saindo da prefeitura. Ele agradece ao prefeito Raimundo Macedo (PMDB) pelo pagamento.

Para o vereador, o empresário que comanda o grupo FP Petróleo, Carlos Henrique Torquato, tem uma relação estreita com o prefeito Raimundo Macedo e, por isso, está sendo favorecido com contratos milionários. O grupo FP Petróleo, registrado em nome de Aristides Emerson Torquato Frota, foi fornecedor da campanha do, então, candidato Raimundão. Sobre o fornecimento, estão registrados três pagamentos que somam pouco mais de R$ 181 mil para os três meses de campanha.

O fato que chama a atenção do vereador é que no dia 2 de janeiro de 2013, a prefeitura emprenhou pagamento para a empresa com despesa de combustíveis. No mesmo dia, momentos antes, o prefeito assinou Decreto de Estado de Emergência, segundo ele, por falta de prestadores de serviços. O contrato de fornecimento de combustíveis, ainda, vigente da gestão anterior foi ignorado.

Com a passagem dos três meses de validade do Decreto, a prefeitura realizou licitação na modalidade pregão presencial, onde a única empresa que compareceu foi a FP Petróleo Ltda. A empresa ganhou um pregão no valor de R$ 5,7 milhões. No ano de 2013 foram pagos a empresa pouco mais de R$ 1,7 milhão. Enquanto que no ano de 2014, de janeiro a junho, a empresa já recebeu mais de R$ 1,3 milhão. O contrato abrange todas as Secretarias, inclusive, Saúde e Educação, com verbas federais.

Em entrevista o empresário Carlos Henrique disse que sua empresa arrecada cerca de R$ 100 mil por dia e que a maior parte desse dinheiro é destinada ao pagamento de boletos. Com base na afirmação, a empresa arrecada cerca de R$ 3 milhões/mês. O vereador não descarta o pedido, junto a Receita Federal e Secretaria de Finanças do Estado, de uma auditoria na empresa para averiguar o pagamento de impostos.

Sobre a relação com a administração de Raimundo Macedo, o empresário disse ser de prestador de serviço. Segundo ele, fornece combustível para a prefeitura, mas que, conquistou o contrato participando e vencendo uma licitação. “Na época, a licitação foi acompanhada, inclusive, por vários vereadores. Meus negócios com a prefeitura de Juazeiro foram conquistados com transparência,” disse Carlos Henrique.

O procurador geral do município, João Victor de Alencar Grangeiro, disse não ter conhecimento do contrato com a FP Petróleo, mas garantiu não existir qualquer relação entre a prefeitura e o autor do vídeo. Sobre a quantia exibida e a informação de que ela teria sido recebida na prefeitura, o procurador garantiu que o município não efetua pagamentos em espécie a qualquer fornecedor. O procurador disse, ainda, que a administração e o prefeito Raimundo Macedo, tomarão as medidas cabíveis, judiciais e administrativas, contra o autor do vídeo.

Procurado para se pronunciar sobre o caso, o autor do vídeo, Diego Torquato, disse que tudo não passou de uma brincadeira. Sobre o dinheiro exibido no vídeo, Diego disse se tratar de apurado nos Postos do pai e que o valor era aproximado a R$ 50 mil. O valor mencionado pelo filho é diferente do divulgado pelo pai (R$ 100 mil). “Na verdade, a responsável pelo recolhimento faltou e fui fazer o deposito. Quis apenas ‘tirar sarro’ com um amigo, acabei fazendo besteira e envolvendo o nome do prefeito,” disse Diego.

Ao final, Diego ressaltou que o vídeo foi feito a cerca de um ano é que não esperava tamanha repercussão. Já o pai, Carlos Henrique, disse que vai procurar as vias judiciais para penalizar algumas divulgações feitas com base, segundo ele, em especulação.

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