terça-feira, 1 de outubro de 2013

Terreno comprado pela Diocese é usado para construir mansão do Bispo

O registro da área, onde está sendo construída uma verdadeira mansão, até então especulada como de propriedade de Dom Fernando Panico, está realmente no nome do bispo Diocesano do Crato. A transação imobiliária foi feita em 2008, entre o padre Raimundo Elias Filho, antigo proprietário por herança, e a Diocese do Crato.

A negociação da área, localizada entre os sítios Boa Vista e Almecegas, medindo 2.016 m2, chama a atenção pelo valor negociado e pelo nome do proprietário constituído em cartório. O documento de compra e venda, lavrado no Cartório Geraldo Lobo, com sede no Crato, aponta como partes da negociação o padre Raimundo Elias e a Diocese do Crato, mas, a escritura da área acabou sendo lavrada em nome do bispo Dom Fernando. O documento diz que o bispo é concessionário, o que, não garante a posse da Diocese por direito.

Outro fato que chama a atenção no documento é a importância paga pela área. O terreno foi negociado, contendo, além de construções como muro frontal e casa, muitas outras benfeitorias. A área onde funcionava o projeto social “Toca de Assis”, que teve a venda especulada em valores próximos a R$ 60 mil, acabou sendo vendida pelo valor de apenas R$ 10 mil. Segundo avaliações, valor bem abaixo do praticado no mercado.

O valor negociado, notadamente, abaixo do mercado vai ao encontro de outras negociações feitas recentemente pelo bispo, quando vendeu cerca de 65 imóveis, entre casas e prédio comerciais, em média, por R$ 60 mil, quando eram avaliados, em média, por R$ 250 mil. O bispo acabou voltando atrás, mas até hoje não conseguiu explicar as vendas que revoltaram inquilinos.

Atualmente, a área conta, em andamento, com uma construção avaliada em R$ 1,5 milhão. A casa terá 8 quartos, 10 banheiros, jardins e, até, elevador. Segundo informações de pessoas ligadas a Diocese e que preferem não se identificar por medo de represarias, a construção da mansão estaria sendo comandada pelo monsenhor Dermival Anchieta Gondim, vigário geral e consultor da Diocese. O monsenhor estaria atendendo um pedido do padre Edmilson, interlocutor do bispo.

Explicações em Roma

Cercado por denúncia de estelionato e apropriação indébita, o Bispo Dom Fernando Panico, anunciou uma viajem a Roma, ainda essa semana. A viajem, prevista essa segunda-feira, 30 de setembro, foi justificada tendo como objetivo duas missões de interesse da igreja.

Segundo o próprio Bispo, deve entregar uma farta documentação relacionada à causa da beatificação da menina Benigna, assassinada aos 13 anos, em Santana do Cariri. O outro motivo da viajem seria a reabilitação do Padre Cícero. Para isso, ainda segundo Dom Fernando, deverá participar de audiências com o papa Francisco para tratar do assunto.

Mas, segundo um dos padres que assinou o abaixo assinado pela saída do Bispo, cujo nome será preservado para evitar perseguições, o outro motivo da viajem seria para dar explicações sobre as denúncias que já ganharam repercussão nacional. Ainda segundo o padre, outros sacerdotes que assinaram o documento, já estão sendo transferidos para outras paróquias como forma represaria. O clima é de tensão entre os religiosos.

Novas denúncias

Especulado como sendo um provável “laranja” do bispo Dom Fernando Panico, o advogado Geraldo Correia Braga (Geraldinho), é o coordenador da Associação religiosa Missão Resgate. Geraldinho que respondia pela gerencia da Rádio Educado do Cariri, emissora de propriedade da Diocese do Crato, desde abril deste ano, responde também como arrendatário do veículo de comunicação.

Segundo as denúncias os valores cobrados pelo arrendamento estariam abaixo da realidade do mercado e poderia favorecer o próprio bispo, através do lucro. A prática se, confirmada, se configurará como formação de quadrilha, crime ao qual, dom Fernando já responde.

Durante a assinatura do contrato não foram revelados os valores do arrendamento. Foi divulgado apenas que o contrato terá duração de 10 anos. O coordenador da Missão Resgate e, agora, diretor da rádio Educadora, foi procurado para falar sobre o assunto, mas não foi encontrado. Em contato com a rádio, foi deixado telefone para retorno e, até, o fechamento desta edição não obtivemos contato.

(Foto: Aline Morais / Gazeta de Notícias)

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