O Ministro da Educação e
ex-governador do Ceará, Cid Gomes, foi demitido do Ministério logo após
abandonar a sessão da Câmara Federal, na tarde dessa quarta-feira (18), onde
prestava esclarecimentos sobre sua afirmação de que naquele Poder existiam
entre 300 e 400 achacadores.
Apesar de informações da
assessoria do ministro darem conta de que ele teria entregue a carta de
exoneração; no Congresso é fato que Cid foi demitido, sumariamente, ao
desconsiderar a orientação da presidenta Dilma Rousseff (PT) para pedir
desculpas. A demissão foi anunciada cerca de 30 minutos após o abandono da
sessão.
Durante a sessão, o
ex-governador acabou fazendo uma meia culpa sobre a afirmação, mas não retirou
as palavras nem, tampouco, pediu desculpas. Cid foi bombardeado com denúncias
de calote, quando governador do Ceará, e chegou a ser qualificado como “palhaço
e político pequeno”. Sua demissão foi solicitada pelo plenário, ainda, durante
a sessão.
Os deputados pediram que
o ministro declinasse nomes para justificar a afirmação, o que, não aconteceu.
Quando Cid abandonou a tribuna – atitude considerada pelos deputados, como
desrespeito e grosseria – ainda havia cerca de 71 inscrições para rebater o,
agora, ex-ministro.
Cid caiu atirando
O ex-ministro caiu, mas
caiu atirando. Essa era a avaliação dos aliados de Cid presentes no plenário e
nas galerias da Casa. Durante seu pronunciamento, Cid acusou o presidente da
Câmara, deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ), de se beneficiar do Poder e pediu aos
outros deputados que largassem o osso.
Para Cid a crise com o
Legislativo vem de alguns partidos que insistem em manter a corrupção. O
ex-ministro chegou a dizer que existe em qualquer parlamento a situação e a
oposição. Pediu que os deputados decidissem suas posições. O comentário foi uma
critica ao PMDB que, segundo ele, hora é oposição, hora é situação.
Detalhe
O ex-ministro parece ter
recebido duas orientações sobre a atitude a ser tomada diante do caso. A
primeira da presidenta Dilma, que solicitou um pedido de desculpas. E a do
irmão Ciro Gomes, que defendeu partir pro ataque e voltar para casa. Ciro deu
entrevista horas antes, justamente, fazendo esta defesa. Cid acabou obedecendo
ao irmão. A decisão pode tirá-lo da vida pública nacional pela porta dos
fundos.
Ao que perece, tudo foi
arquitetado cuidadosamente. No inicio da sua fala Cid foi calmo e ponderado, falando
sobre projetos do ministério. Em seguida, foi subindo o tom gradativamente até atingir
o cume atacando o Poder no seu líder, o presidente Eduardo Cunha. Avaliou que
para baixar a guarda da Câmara era preciso desqualificar seu líder.
Para terminar com chave
de ouro, a jogada de marketing usada pelo ex-ministro foi a frase “larguem o
osso”, em referencia aos deputados. A tática de Robin Hood, até poderia ter emplacado
não fosse Cid Gomes um dos principais exemplos de perpetuação no poder no
Ceará.
Os mandatos de deputado
estadual, prefeito de Sobral e Governador, os mantiveram no poder por mais de
20 anos, vivendo do dinheiro público. Ou seja, fica difícil convencer com a
velha máxima: faça o eu digo, mas não faça o que eu faço.
Na verdade, Cid Gomes teve uma bela carreira
política e era um político bem promissor em Brasília, mas depois da tarde de
ontem, parece que vai seguir o caminho do irmão no cenário nacional; ou seja,
limitar-se a um mero falastrão gerador de crise.