O juiz
da 16ª Vara Federal de Juazeiro do Norte, Leonardo Augusto Nunes Coutinho,
expediu no dia 31 de março último, mandados de prisão em desfavor do empresário
Francisco de Assis Souza, proprietário da Viação São Francisco, e de Fédor
Dostoievsky Viana, ex-chefe da Comissão de Licitação de Juazeiro do Norte.
Para
Fédor Dostoievsky foi aplicada pena de 9 (nove) anos de detenção e multa de R$
165.958,10, enquanto Francisco de Assis recebeu pena de 6 (seis) anos de
detenção e pagamento de R$ 142.249,80. Os dois são réus na Ação Penal movida pelo
Ministério Público Federal (MPF), sob denúncia de irregularidades na contratação de transporte escolar
no município entre os anos de 2008 e 2010.
O esquema de fraude
superestimava a quilometragem dos ônibus, o que gerou prejuízo estimado em R$
2,9 milhões aos cofres públicos. O caso foi denúncia pelo MPF em 2012, com base
em investigação apontando que a empresa Viação São Francisco, vencedora da
licitação para oferta de ônibus escolares, apresentou proposta superestimada em
até 60%.
Segundo documentos
colhidos pelo MPF, após operações de busca e apreensão, a empresa apresentou uma
proposta que previa 3.079 quilômetros diários, para um total de 30 veículos,
divididos em 30 rotas. O MPF refez as rotas e identificou a fraude. Eram 1.380
km (equivalente a distância entre Fortaleza e Salvador) pagos a mais,
representando um prejuízo diário de R$ 4.830,00.
A empresa Viação São
Francisco e seu proprietário, Francisco de Assiz Souza, além de Fédor
Dostoievsky Viana, ex-presidente da Comissão de Licitação, foram acusados de
improbidade administrativa. Na denúncia criminal, os dois são citados pelas
práticas de fraude em licitação e estelionato.
Segundo o MPF, o
esquema foi iniciado em 2008, último ano da primeira gestão do atual prefeito
Raimundo Macedo (PMDB). Ainda de acordo com o MPF, a licitação foi renovada em
2009, na gestão do ex-prefeito Manoel Santana (PT), que a manteve até 2010.
Na
investigação o MPF identificou, ainda, que as
rotas foram propostas pela
própria empresa vencedora da licitação e acatadas pelo chefe do setor,
Dostoievsky Viana. De acordo com a Prefeitura de Juazeiro do Norte, na época a frota do transporte escolar era de
27 veículos, não 30 como estipulado pela empresa, sendo 13 próprios e 14
contratados. Eram transportados cerca de 12 mil estudantes da educação infantil
ao ensino superior.
Na época, o
procurador-geral de Juazeiro do Norte, Luciano Alves Daniel, disse que a
licitação foi renovada na gestão do ex-secretário de Educação Antônio Ferreira
dos Santos, mas teve o contrato suspenso assim que a Prefeitura tomou
conhecimento do caso por meio do Ministério Público.
Ainda
segundo, Luciano Daniel, como procedimento a Prefeitura comunicou o caso ao
Tribunal de Contas dos Municípios (TCM) e ingressou com ação de imputação de
responsabilidade contra o gestor, Raimundo Macedo. Sobre a participação ou não
do prefeito Raimundo Macedo, a Justiça Federal e o MPF não se pronunciaram.
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