Em uma sessão recheada de tensão entre os vereadores que mantiveram e os que retiraram o nome da Lei que institui o recesso parlamentar em 90 dias por ano, a polêmica da conhecida Lei da Preguiça, teve mais um capitulo ontem, terça-feira, 30 de abril.
Em meio a polêmica instalada nas redes sociais e motivados pela repercussão negativa, os vereadores resolveram suspender a promulgação do projeto que alterou o recesso parlamentar de 45 para 90 dias anual. Ao passo em que foi suspensa a lei, o vereador Gledson Bezerra (PTB), autor da lei que institui o recesso de 45 dias, promulgada ainda na legislatura passada, anunciou que colhe assinaturas para novo projeto que reduz o recesso de 45 para 30 dias anual.
Para convencer os colegas sobre a sua nova proposta, Gledson Bezerra, argumentou que a proposta não deve partir de nenhum vereador especificamente, sim de uma decisão colegiada. Para Gledson, a aprovação da proposta é uma maneira de colocar o nome da Câmara Municipal onde ela merece, além de mostrar que é um lugar de pessoas de bem que trabalham, que vão a luta e que procuram honrar os votos confiados na eleição.
Na avaliação do vereador Capitão Vieira (PTN), todos os vereadores podem errar e corrigir. “Nós erramos e não estamos aqui para justificar e nem ganhar palanque em cima de qualquer vereador. Acredito que existe um problema e nós temos como resolver de uma forma harmoniosa sem ter que denegrir a imagem de nenhum vereador,” disse Vieira.
Outros vereadores como Antônio Gledmilson (PSD) e Danty Benetido (PMN), criticaram os que retiraram o nome e reafirmaram que deixariam os nomes, já que, não votaram sem saber do conteúdo. Gledmilson chamou a atenção para o fato de que é necessário mais tempo para analise e discussão dos projetos para evitar fatos como o que aconteceu com esse projeto.
O pai da criança
“Quando uma criança nasce feia ou aleijada ninguém que ser o pai. Pois bem, eu sou o pai.” A afirmação é do vereador Ronnas Motos (PMDB), autor da polêmica lei dos 90 dias. O vereador, segundo vice presidente da mesa diretora, disse que nenhum dos 18 vereadores que assinaram o projeto, o fizeram inocentes, “todos fizeram conscientes”.
Ronnas aproveitou para fazer duras críticas, ao que chamou de parte da imprensa, a quem atribuiu o desgaste sofrido pelos vereadores nos últimos dias. Segundo o Ronnas, a imprensa não respeita a integridade dos vereadores. “A imprensa que me criticou, me chamou de palhaço; não tem conhecimento da lei orgânica que institui 90 dias de férias. Sempre foi assim,” disse Ronnas.
Sobre a opinião pública, o vereador destacou que a polêmica foi boa para que os parlamentares vejam o que o povo pensa dos vereadores. Ainda segundo Ronnas, “uma injustiça já que nós (os vereadores) fazemos tanto pelo povo”.
Ao final o vereador pediu que existisse respeito mútuo entre vereadores e imprensa.
O posicionamento dos profissionais da imprensa
Durante o pronunciamento do vereador Ronnas Motos, foi geral o clima de surpresa entre os profissionais de imprensa. O vereador não citou nomes, nem dos veículos, nem dos profissionais que o teriam atingido ou feito juízo de valor a seu respeito.
A opinião de que as acusações do vereador “são irresponsáveis” foram fato comum entre os profissionais, já que, ao se colocar como arauto da coragem, o vereador não teve a mesma coragem ou respeito a imprensa responsável, para dar “nomes aos bois” e isentar aqueles que fazem um trabalho sério e comprometido com verdade.
Vale lembrar que dias atrás, o mesmo Ronnas, por várias sessões, elogiou a imprensa por estar repercutido as acusações dele e de outros vereadores de oposição dirigidas ao prefeito Raimundo Macedo. Mas, agora por tê-lo criticado, essa imprensa, nas palavras do vereador, essa imprensa é irresponsável.
É importante lembrar que todas as informações publicadas por veículos constituídos, ou são assinadas pelo profissional autor ou pelo próprio veículo. O vereador, de mão da informação e conhecedor dos seus direitos pode acionar ambos judicialmente, sem precisar nivelar os profissionais no mesmo grau de “irresponsabilidade”, num ataque de frontal a democracia e ao direito da sociedade a informação.
O autor da matéria
Meu nome é Madson Vagner, jornalista profissional, graduado pela Universidade Estadual da Paraíba (UEPB), com mais de 15 anos de profissão. Sou autor desta matéria e como fui atingido na minha integridade profissional, já todos foram colocados no mesmo patamar, me dou o direito a defesa.
Existe uma máxima que diz: “nem sempre o que é legal é moral”. O debate não pode girar em torno do tempo real destinado a atuação de cada mandato, como alguns vereadores fizeram crer. Sabe-se que um mandato exige muito mais que o tempo destinado às sessões.
O que a imprensa chamou ao debate é o exemplo que os parlamentares devem dar a sociedade. Um trabalhador tem 30 dias de férias. Por que, os vereadores têm que ter três vezes mais? A decisão pode, até, ter sido legal, mas, também é inegável que ela é imoral.
Voltar atrás e admitir que errou é uma virtude, assim como reconhecer que errou, assumir a paternidade, mas tentar jogar a culpa na imprensa é imaturidade política e reflete um despreparo para lidar com situações limite. O vereador Ronnas, confunde imprensa com rede social (facebook e twetter), onde as pessoas se manifestam sem a necessidade da responsabilidade com a informação isenta.
Onde vai parar a polêmica é difícil saber, mas uma coisa é certa, com a suspensão do projeto, fica clara a força da comunicação exercida pelos internautas que, hoje, pode ser avaliada como um forte meio de manifestação da opinião pública e, com certeza, continuará de olho nas ações, não só dos vereadores, mas de toda a classe política brasileira.
(Foto: agencia Miséria)
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