A declaração de que se oferece propina para os vereadores votarem
“desta ou daquela maneira” é do vereador Gledson Bezerra (PTB), e foi feita em
entrevista ao repórter Adriano Duarte da Rádio Tempo FM.
A entrevista foi pautada na opinião dos parlamentares juazeirenses
acerca dos vereadores terem ou não salários. Gledson Bezerra, contrário a
ideia, disse que todo trabalhador merece remuneração, ainda mais, aquele que
tem acesso a votações tão importantes. “Assim como o prefeito recebe o dinheiro
da população para exercer o seu trabalho, e não é justo que ele trabalhe de graça,
o vereador também merece. Agora, cada um exercendo o seu trabalho da maneira da
como deve ser,” argumentou.
Sobre o que poderia acontecer caso o cargo não fosse remunerado,
Gledson questionou se seria salutar ao município que o vereador não recebesse salário,
mesmo sabendo que, não sendo remunerado, ele poderia se entregar as propinas
que, por ventura, fossem oferecidas a ele. O vereador avaliou ainda, que não
existe independência sem remuneração. “Só assim, teríamos uma democracia como
ela foi imaginada. Bem mais forte e consolidada,” finalizou.
Com opinião diferente, o presidente da Câmara de Juazeiro, vereador
José de Amélia Júnior (PSL), acredita que sem remuneração ficariam apenas
aqueles que realmente gostam da função política. “Há alguns anos, as Câmaras Municipais
não recebiam nem duodécimo, nem os vereadores salários e, mesmo assim, existiam
vereadores. Então acredito que a dedicação do vereador é para aquele que nasce
para ser político”, disse Zé de Amélia Júnior.
O vereador José de Amélia Júnior finalizou dizendo que seria a
favor, caso tramitasse projeto dessa natureza. “Eu gosto de fazer política e já
faço política no Juazeiro há 30 anos. Não seria a falta de remuneração que me
faria deixar,” finalizou.
Polêmicas a parte, três dos vereadores de Juazeiro, inclusive José
de Amélia Júnior, foram a Brasília pedir, entre outras coisas, que não se deixe
de remunerar os vereadores de cidades com menos de 10 mil habitantes.
Uma
discussão saudável
Essa é a discussão que a sociedade deveria ter com mais
frequência. O tipo e a conduta da nossa representação deve ser debatida
constantemente para que possamos evoluir na resolução de males como a
corrupção.
Nesse caso, respeitando a posição dos dois parlamentares que,
diga-se de passagem, são dois dos capazes vereadores da casa, é preciso
destacar que vereador é cargo público e não profissão. Então a remuneração, ou
não, deve ser debatida e decidida pela população aos quais os vereadores representam.
Infelizmente no Brasil, são poucas as leis de iniciativas populares e são elas
as verdadeiras vozes da população. Veja-se o exemplo da Lei da Ficha Limpa.
É verdade que já houve um tempo em que vereador não recebia
salários e eles existiam e a disputa também. Mas, é verdade, também, que a
remuneração foi decidida pelos próprios políticos que acabaram legislando em
causa própria.
Sobre o pensamento do vereador Gledson de que a não remuneração
incentivaria a corrupção, não acredito que a remuneração seja diferencial para
cometer o ilícito. Sabemos que existem vereadores que fazem campanhas
caríssimas e, com certeza, não é pensando no retorno via salário.
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