terça-feira, 13 de novembro de 2012

Mesmo com bate boca de ministros, STF condena Zé Dirceu a 10 anos de cadeia


O Supremo Tribunal Federal condenou, ontem (12), o ex-ministro da Casa Civil, José Dirceu, terá de cumprir pena na prisão. Ele foi condenado a 10 anos e 10 meses de reclusão e terá ainda de pagar multa de R$ 676 mil. Como a pena é superior a oito anos, Dirceu terá de cumpri-la em regime fechado.

As penas são referentes aos crimes de corrupção ativa e formação de quadrilha. Mas, o revisor do processo do mensalão, ministro Ricardo Lewandowski, irritou-se com o fato de o relator ter iniciado seu voto com a aplicação de pena ao ex-ministro da Casa Civil José Dirceu. Lewandowski afirmou que esperava votar sobre o núcleo financeiro, que se refere à cúpula do Banco Rural.

Briga de pavão

Na verdade, o que tinha para ser um resultado histórico, no julgamento do mensalão, acabou sendo ofuscado por um bate boca entre dois ministros. Os dois se revezaram em insinuações e acusações.

"Vossa Excelência toda hora traz uma surpresa. Está surpreendendo a Corte e a todo mundo", disse o revisor Lewandowski.

Joaquim Barbosa reagiu: "A surpresa que está havendo é a lentidão, esse joguinho". Barbosa acusou o colega de obstruir o julgamento para tentar atrasá-lo.

Lewandowski reclamou da insinuação e disse "Eu é que estou surpreendido com a ação de obstrução de vossa excelência. Leu até artigo de jornal". O revisor disse considerar grave a acusação e se retirou do plenário.

As causas

O problema é que o julgamento do mensalão já virou um grande espetáculo na imprensa e, agora os ministros querem ser atração. Esse é um julgamento importantíssimo para o futuro político do país que acabou virando um palco para se rivalizar, entre outras coisas, a questão racial do Brasil. Joaquim Barbosa passou a ser venerado nas redes sociais por movimentos negros e isso tem incomodado aos outros ministros. Barbosa é colocado pela comunidade negra como um verdadeiro herói. E, esse, não é o caso. Está havendo um desvio de foco.

Ali ninguém é herói. Todos são servidores do povo. E, nesse caso, encarregados por julgamento em última instância. Ninguém voa ou tem superpoderes. São todos humanos com as mesmas falhas e virtudes do restante do povo. A diferença é que eles se prepararam para estarem onde estão.

O julgamento do mensalão, volto a repetir, é um marco histórico. Nós estamos vivendo a história do país e, guardadas as devidas proporções, como vivemos a luta pelas diretas, a queda do muro de Berlim e o movimento dos caras pintadas. Nossa história não precisa de ministros querendo chamar mais atenção do que o fato que analisam e têm, vale salientar, a responsabilidade de dar uma resposta satisfatória a sociedade.

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