Os promotores do Ministério Público do Estado (MP-CE), com sede no
Crato, Raimundo Parente e Lucas Azevedo, convocaram uma coletiva de imprensa
nessa segunda-feira (10), onde discordaram da decisão do juiz da 1ª Vara Cível de Crato,
José Batista de Andrade. O juiz determinou na última semana a cassação de todas
as medidas liminares e o arquivamento do processo que afastou cinco vereadores
da Câmara do Crato.
O processo investigava uma denúncia de extorsão ao ex-prefeito Samuel
Araripe para aprovação de uma das suas contas de governo. Entre os motivos
alegados para o arquivamento foi o extrapolamento dos prazos, estabelecidos em
30 dias. Os promotores rebatem que não houve perda de prazo, já que, segundo
eles, não tiveram acesso a todos os documentos para compor a ação principal.
“Fomos pegos de surpresa com a coletiva do juiz e o anuncio do
arquivamento. O que nós esperávamos era que, no mínimo, houvesse a quebra do
sigilo bancário. Poderia até, na pior das hipóteses, os vereadores retornarem,”
disse o promotor Raimundo Parente, ressaltando que respeita a decisão, mas não
concorda de forma alguma. Segundo o promotor, a decisão trará grandes prejuízos
para a investigação.
O promotor Lucas Azevedo observou que a única maneira de ter acesso a
esse tipo de informação (quebra de sigilo) é através de uma decisão judicial.
“Nós respeitamos a decisão do juiz, mas não concordamos com ela. Por isso,
vamos recorrer,” disse o promotor, anunciando que na quinta-feira (13) devem
ser ouvidos outros investigados para complementação da ação principal.
Sobre os documentos referentes a quebra dos sigilos bancários, o
promotor Lucas Azevedo disse que, pelo que tem conhecimento, eles chegaram ao
Fórum e já foram entregues aos investigados. “O que vamos fazer agora é
questionar o juiz sobre termos ou não acesso aos documentos. Isso não está
claro na decisão,” disse Lucas Azevedo.
Ainda sobre os prazos, o promotor Raimundo Parente observou que ele
deveria ser contado a partir das diligencias e não após a decisão. “Após a
decisão não interessa para o autor da ação. O correto era após o cumprimento do
afastamento e a chegada de todos os documentos solicitados. Aí sim, intimava-se
o Ministério Público e passaria a contar o prazo de 30 dias para entrar com a
ação principal,” ressaltou Parente.
Sobre um novo afastamento dos vereadores, o promotor Raimundo Parente disse
que fica mais difícil diante da decisão de retorno. Segundo ele o afastamento
era para não atrapalhar nas investigações, já que, segundo o promotor os
vereadores não tem interesse de investigar.
Vazamento de informações
Sobre denúncias de vazamento de informações sigilosas de dentro do MP,
feita pela imprensa e reforçada pelo presidente da Câmara, vereador Luis
Carlos, em entrevista a rádios locais, o promotor Raimundo Parente, disse que o
MP não é como alguns vereadores que se comportam de forma indigna.
“Aqui foi decretado o sigilo do processo e nós cumprimos na integra. O
que estamos dando a imprensa são informações gerais, mas documento sigiloso, eu
desafio,” ressaltou Parente, dizendo que, se há algum vereador andando com
documento sigiloso é porque ele roubou do MP.
(Fotos: Dihelson Mendonça)
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