quinta-feira, 24 de maio de 2012

Gledson Bezerra: “No jogo bruto, se oferece propina para parlamentares votarem”


A declaração de que se oferece propina para os vereadores votarem “desta ou daquela maneira” é do vereador Gledson Bezerra (PTB), e foi feita em entrevista ao repórter Adriano Duarte da Rádio Tempo FM.

A entrevista foi pautada na opinião dos parlamentares juazeirenses acerca dos vereadores terem ou não salários. Gledson Bezerra, contrário a ideia, disse que todo trabalhador merece remuneração, ainda mais, aquele que tem acesso a votações tão importantes. “Assim como o prefeito recebe o dinheiro da população para exercer o seu trabalho, e não é justo que ele trabalhe de graça, o vereador também merece. Agora, cada um exercendo o seu trabalho da maneira da como deve ser,” argumentou.

Sobre o que poderia acontecer caso o cargo não fosse remunerado, Gledson questionou se seria salutar ao município que o vereador não recebesse salário, mesmo sabendo que, não sendo remunerado, ele poderia se entregar as propinas que, por ventura, fossem oferecidas a ele. O vereador avaliou ainda, que não existe independência sem remuneração. “Só assim, teríamos uma democracia como ela foi imaginada. Bem mais forte e consolidada,” finalizou.

Com opinião diferente, o presidente da Câmara de Juazeiro, vereador José de Amélia Júnior (PSL), acredita que sem remuneração ficariam apenas aqueles que realmente gostam da função política. “Há alguns anos, as Câmaras Municipais não recebiam nem duodécimo, nem os vereadores salários e, mesmo assim, existiam vereadores. Então acredito que a dedicação do vereador é para aquele que nasce para ser político”, disse Zé de Amélia Júnior.

O vereador José de Amélia Júnior finalizou dizendo que seria a favor, caso tramitasse projeto dessa natureza. “Eu gosto de fazer política e já faço política no Juazeiro há 30 anos. Não seria a falta de remuneração que me faria deixar,” finalizou.

Polêmicas a parte, três dos vereadores de Juazeiro, inclusive José de Amélia Júnior, foram a Brasília pedir, entre outras coisas, que não se deixe de remunerar os vereadores de cidades com menos de 10 mil habitantes.

Uma discussão saudável

Essa é a discussão que a sociedade deveria ter com mais frequência. O tipo e a conduta da nossa representação deve ser debatida constantemente para que possamos evoluir na resolução de males como a corrupção.

Nesse caso, respeitando a posição dos dois parlamentares que, diga-se de passagem, são dois dos capazes vereadores da casa, é preciso destacar que vereador é cargo público e não profissão. Então a remuneração, ou não, deve ser debatida e decidida pela população aos quais os vereadores representam. Infelizmente no Brasil, são poucas as leis de iniciativas populares e são elas as verdadeiras vozes da população. Veja-se o exemplo da Lei da Ficha Limpa.

É verdade que já houve um tempo em que vereador não recebia salários e eles existiam e a disputa também. Mas, é verdade, também, que a remuneração foi decidida pelos próprios políticos que acabaram legislando em causa própria.

Sobre o pensamento do vereador Gledson de que a não remuneração incentivaria a corrupção, não acredito que a remuneração seja diferencial para cometer o ilícito. Sabemos que existem vereadores que fazem campanhas caríssimas e, com certeza, não é pensando no retorno via salário.

Agora o que poderia amenizar, já que, não acredito, num futuro próximo, no fim da corrupção, seria o financiamento público de campanha. Ele daria igualdade aos concorrentes e diminuiria a influencia do poder financeiro na eleição dos nossos representantes. Cabe também a analise em destaque que seria uma maneira de diminuir, mas não de acabar. O fim desse pesadelo só virá com evolução intelectual da nossa população. Educação de qualidade e gratuita é o que resolve.

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