quinta-feira, 10 de março de 2016

Diocese pede cautela sobre beatificação do Padre Cícero

Além dos sucessivos desgastes com acusações de dilapidação do patrimônio da Igreja Católica no Cariri, a Diocese do Crato deve enfrentar mais uma polêmica nos próximos dias. Depois de anos afirmando estar trabalhando para tornar Padre Cícero Romão Batista, um santo popular, a Diocese assumiu que nenhum pedido de beatificação, primeiro estágio do processo, foi encaminhado ao Vaticano.

A beatificação e a consequente canonização, são processos que dependem do perdão e da reconciliação do Padre Cícero com a Igreja, fato que só teria acontecido recentemente. Mesmo garantindo a veracidade do documento que reconcilia o Padre Cícero com a Igreja, o comando da Diocese admite, ainda, não existir qualquer perspectiva para que seja protocolado pedido de beatificação do Padre Cícero.

A revelação, feita a imprensa local pelo chanceler da Diocese, Armando Lopes Rafael, deixa a comunidade católica com pouca esperança de ver o Padre Cícero santificado. Segundo o chanceler não há qualquer movimento na Diocese no sentido de encaminhar o pedido de investigação do milagre que possa tornar Padre Cícero beatificado, diante do Vaticano.

A informação é reafirmada pelo bispo dom Fernando Panico, que afirma ser preciso dar mais tempo e que é preciso ter prudência antes de encaminhar o pedido ao Vaticano. Dom Fernando chegou a afirmar que essa não é a vontade do seu coração, mas não definiu data para o encaminhamento do pedido.

As novas revelações colocam em dúvida a eficácia dos trabalhos da Comissão, formada por dom Fernando Panico, que foi a Roma em 2006 dar entrada no processo de reabilitação. Se as interpretações das cartas forem realmente uma farsa, os católicos podem ultrapassar uma década sem qualquer decisão do Vaticano.

Na avaliação de ‘leigos’, opositores e apoiadores do episcopado de dom Fernando, o pedido não foi encaminhado porque não existiu reconciliação. “O que houve foi um terrível equivoco. É preciso fazer uma nova leitura dos documentos. As Cartas não falam em reconciliação,” avaliou o pesquisador e escritor José Sávio Sampaio.

O escritor defendeu a liberdade de pensamento e criticou o silêncio dos fieis católicos. “Não sei por que as pessoas têm medo de falar sobre a Igreja. Então vem a pergunta: medo de que? Dos amigos ou das autoridades religiosas? Quando acreditamos na verdade, temos a liberdade para se expressar. Não podemos temer a verdade,” criticou José Sávio.

Em matéria publicada recentemente, o Jornal O Dia, do Rio de Janeiro (RJ), tratou o caso da reconciliação como possível farsa, alimentada pelo bispo dom Fernando Panico. Segundo a matéria, a falsa interpretação pode ter apenas cunho financeiro, visando o aumento dos fieis e a consequente arrecadação para a Diocese.

“Em momento algum o Vaticano fala em reabilitar, reconciliar ou perdoar o Padim Ciço. Apenas realça as qualidades de Cícero, nada mais. É embromação”, disse à reportagem de O Dia, o advogado Lauro Barretto, estudioso de processos canônicos.

Outro fato que chama a atenção dos estudiosos é que, apesar da grande repercussão, nenhuma agência de notícias do Vaticano, entre elas a Gaudium Press, falou sobre a possível reconciliação. Para o padre Nerí Feitosa, maior biógrafo de Padre Cícero, não há provas de que a Igreja fez as pazes com o padre.

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