segunda-feira, 5 de novembro de 2012

STF quer proteção do Estado ao operador do mensalão


Segundo informações do Jornal Folha de São Paulo, do último sábado (3), os Ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) defendem que o empresário Marcos Valério, operador do mensalão, receba proteção do Estado. Marcos Valério foi condenado a mais de 40 anos de prisão e teria dito que teme por sua vida. Para os ministros, seu temor não pode ser subestimado.

Ainda segundo informações do jornal, o empresário se diz disposto, caso tenha proteção da Polícia Federal (PF), a revelar ao Ministério Público (MP) detalhes inéditos sobre o esquema que ajudou a organizar durante o governo Lula.

As novas declarações não terão interferência no julgamento do mensalão, que está em fase final; mas, podem resultar em novas investigações ou contribuir para outros inquéritos em curso.

A decisão de conceder ou não a proteção, caberá ao procurador-geral da República, Roberto Gurgel. Valério poderia ser incluído no Sistema Nacional de Proteção a Vítimas e Testemunhas Ameaçadas, podendo mudar de cidade e até trocar de nome.

Muita água pra passar?

Na verdade, o que se percebe é que ainda existe muita água para passar por baixo da ponte. Se o operador do mensalão quer proteção e diz que ainda tem muito a dizer, podemos tirar duas conclusões. Uma, está tentando chamar atenção dos “peixes grandes” do esquema para o fato de que precisa de ajuda e que, se cair, não vai sozinho. E outra, está blefando fazendo acreditar que ainda sabe mais que já contou e do que já sabemos.

O certo é que, de uma forma ou de outra, é preciso tirar a limpo a esta recente história política do Brasil. É claro, que precisamos ter o devido cuidado para não dar credibilidade a acusações e revelações que não venham acompanhadas de provas. É aquela história do perdido por um perdido por mil. Em um esquema desses, ninguém quer cair sozinho.

Não podemos esquecer que deveremos entrar, logo mais, em um período eleitoral, momento em que se torna natural e corriqueira esse tipo de escândalo. É preciso separar o joio do trigo e fazer as coisas com a isenção que a população merece.

Agora é inegável que o julgamento do mensalão do PT é um marco na história do Brasil. Pela primeira vez estamos vendo a possibilidade de corruptos e corruptores irem para a cadeia. Em casos anteriores, o máximo, que se via era o político perder os direitos políticos ou, até, sair ileso após uma série de escândalos que envolveram diretamente seus nomes. Vejam-se os exemplo de Collor e FHC.

Collor foi cassado e impedido se candidatar por 8 anos. Já FHC, envolvido em escândalos como o do Sivam, Proer, propinas nas privatizações, mensalão para a aprovação da emenda da reeleição, TRT de São Paulo, além de caixa dois em campanhas e outros, ainda está pousando de grande estadista e, pior, assumindo o papel de julgador como se aquilo nada tivesse a ver com ele.

Foi FHC quem extinguiu, em 1995, a Comissão Especial de Investigação, instituída no governo Itamar Franco e composta por representantes da sociedade civil, que tinha como objetivo combater a corrupção.

Houve-se muito que é chegada a hora de passar o país a limpo. Concordo! Que o julgamento do mensalão é uma vitória, isso é inegável. Que os envolvidos devem pagar pelo erro? É o justo! Mas, queremos também ver o mesmo tratamento a outros casos. Não podemos aceitar que este julgamento vire mais um exemplo de punição de bodes expiatórios. Estamos cansados disso!

Nenhum comentário:

Postar um comentário