segunda-feira, 10 de dezembro de 2012
Segundo Diário do Nordeste, maioria dos partidos no Brasil não tem posição definida
As últimas eleições municipais revelaram uma preocupante realidade na atuação partidária no Brasil. Isso é o que mostra matéria do Jornal Diário do Nordeste de hoje, segunda-feira (10). Segundo o jornal, dificilmente o eleitor saberá dizer as diretrizes ideológicas dos 30 partidos políticos existentes no Brasil.
De um lado, especialistas chegam a considerar uma crise ideológica nas agremiações, acreditando que o pragmatismo tem se sobressaído. Do outro, dirigentes partidários cearenses divergem entre si. Enquanto algumas siglas alegam se nortear por propostas voltadas ao bem estar da população, outras garantem ter clareza sobre o projeto que defendem. Para o cientista político Clésio Arruda, professor da Universidade de Fortaleza, apenas uma minoria dos partidos tem linha ideológica clara.
O PSD, que disputou eleição pela primeira vez neste ano, é um exemplo disso. O presidente estadual Almircy Pinto admite que o partido não está posto como ideológico, acrescentando que existe na agremiação "uma responsabilidade com a eficiência das gestões públicas".
O presidente do PCdoB no Ceará, Carlos Augusto Diógenes, o Patinhas, pensa diferente. Ele não vê uma crise ideológica, mas pondera que os partidos ainda são pouco programáticos. "O nosso partido, o PCdoB, é ideológico, de esquerda e tem o objetivo de alcançar uma sociedade socialista", defende. Ele afirma ainda que o PCdoB aposta no programa iniciado pelo ex-presidente Lula e que está sendo conduzido por Dilma.
Enquanto isso, o presidente do PSDB, Marcos Cals, diz que existe uma crise ética em algumas siglas. "As pessoas que estão chegando ao poder não estão preocupadas com o bem estar da população", critica.
Para Cals, a população fica alheia aos debates dos programas partidários. Segundo ele, o que motiva a convergência de forças não são as afinidades ideológicas. "Se assim fosse, não estariam juntos o PT e o PMDB, o PCdoB com PMDB. Todos são da base aliada do Governo Federal. Tanta conversa de direita e esquerda não está funcionando para o nosso País. O que está funcionando é a conveniência", diz.
A matéria completa está no site do Jornal Diário do Nordeste.
Nada de surpresas
Apesar de ter pouco destaque nas rodas de debates da comunicação brasileira, a falta de definição dos partidos no Brasil não é algo novo. Na verdade, a abertura política no país mostrou que estávamos muito preocupados com a liberdade, mas esquecemos dos caminhos programáticos para melhorar a vida da população. E aí, quando a política falhou, deu espaço para os “investidores”.
E a coisa só piorou com o tempo. Esses investidores passaram a enxergar na política uma oportunidade de negócios, não de contribuição social. Hoje vemos gestores totalmente descompromissados com as causas sociais e, se perguntados sobre programas de governo, eles dizem que está tudo na sua cabeça. E quando são estimulados a falar sobre ideologia, eles dizem que isso não é importante, é coisa do passado. De certa forma, eles têm razão. Estão apenas defendendo a continuação dos seus negócios.
Essa deseducação política só favorece ao pragmatismo dos que querem fazer da política um meio de favorecimento pessoal. Sem posição definida, teremos um amontoado de partidos criados apenas como trampolim para projetos pessoais. É tanto, que no Brasil o voto é personalista. A grande maioria da população não vota em projeto ou partido. Ela vota na pessoa. E aí, prevalece o julgamento sem base ideológica do: do simpático, do bonitinho, do que ajuda com a conta de luz, do que leva ao hospital e aí por diante.
A morte anunciada do PSDB para a política brasileira significará um grande retrocesso ideológico. Ele representa a linha que se contrapõe ideologicamente aos ditos partidos de esquerda como PT, PSB e PCdoB. É claro que isso, hoje, é mais teórico que prático, pois estas siglas, também, têm partido para o pragmatismo e deixado a ideologia de lado.
Na verdade, hoje, os únicos partidos que mantêm bem definidas suas posições são PSOL e PSTU. Eles têm feito de forma sistemática contraponto aos projetos, tanto do PSDB, quanto do PT, com um discurso unificado e seguro. Ou seja, é graças, a eles que a ideologia ainda tem esperança de sobreviver.
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