terça-feira, 5 de agosto de 2014

Caixa 2 em Barbalha: Zé Leite faz obra irregular e dá calote em fornecedor

O prefeito de Barbalha, José Leite Gonçalves Cruz, o Zé Leite (PT), pagou metade de uma obra de reforma a pessoa física, sem nota e com dinheiro de caixa 2. Pelo menos, esta é a denúncia do empresário Francisco Joaquim Luciano, proprietário da empresa “JL Construção Ltda.”

A obra autorizada pela prefeitura de Barbalha, através da Secretaria de Obras, efetuou serviços de reforma no prédio da Associação Atlética Banco do Brasil (AABB). Os trabalhos foram concluídos em novembro de 2013 e custaram R$ 14 mil. Segundo o denunciante, o valor contratado foi de pouco mais de R$ 7 mil para evitar a licitação.

O empresário reclama que o prefeito Zé Leite não pagou a totalidade da obra. Ele afirma ter recebido o valor de R$ 7 mil, referente apenas a metade do valor total combinado. Com a suspeita de irregularidade na obra, o dinheiro acabou sendo pago sem a necessidade de emissão da nota fiscal. “Eles disseram que iriam me pagar ‘por fora’ para que Zé Leite não tivesse problema no futuro,” explicou o empresário.

De posse da denúncia a bancada de oposição ao prefeito Zé Leite, aproveitou a sessão ordinária dessa segunda-feira, 04 de agosto, na Câmara Municipal, para questionar o prefeito sobre as afirmações do empresário e pedir explicações. Durante os debates foi questionado os objetivos do convênio entre a prefeitura e a AABB.

A AABB e a prefeitura de Barbalha firmaram convênio, onde a gestão municipal repassaria à entidade o valor de R$ 559.307,41 durante 4 anos. Segundo a minuta do convênio, o repasse é ao “Programa AABB Comunidade” e não prevê investimento em reformas de instalações ou quaisquer outros ligados a construções.

O programa AABB Comunidade tem como objetivo promover, entre outros, o desenvolvimento integral de crianças e adolescentes, estudante de escolas públicas, por meio de ações educacionais que favoreçam a inclusão socioeducativa e ampliem a consciência cidadã.

Questionado sobre a ciência da ilegalidade da obra, o empresário disse que não sabia, já que, não teve acesso ao convenia para ver o que podia ser feito com o convênio. “O próprio Zé Leite me chamou e pediu para fazer a obra. Agora procurei ele (Zé Leite) e ouvi que não pagaria mais nada. Recebi uma ordem de serviço assinada, fiz a abra e quero receber o dinheiro,” disse Joaquim Luciano.

Contatado por telefone o secretário de Obras de Barbalha, Roberto Correia Grangeiro, disse não lembrar da obra na AABB. Sobre o pagamento com caixa 2, o secretário afirmou que não existir esse tipo de pagamento através da Secretaria. O secretário disse, ainda, que todas as obras autorizadas e concluídas foram pagas. O secretário assegurou ter como provar a contratação e pagamento de todas as obras do município.

A presidente da AABB, Francisca Carmem Lúcia de Lacerda, considera a denúncia de cunho político e argumenta que o “AABB Comunidade” não tem vínculo partidário ou com qualquer pessoa. De acordo com a presidente, 160 crianças carentes de Barbalha são beneficiadas pelo programa. Segundo ela, foram feitos apenas alguns reparos na estrutura do pátio e dos banheiros, para receber um evento que trouxe beneficiados de todo o Nordeste ao Município, em novembro e dezembro de 2013. “A prefeitura deu apenas um suporte a AABB”, ressaltou.

Mais calote

O empresário reclama ainda o não pagamento de outra autorizada pela prefeitura. Segundo ele, o prefeito Zé Leite disse que não concluirá o pagamento de uma reforma feita na Fabrica Escola. A obra foi inaugurada no último dia 19 de julho e foi orçada em R$ 32 mil.

Segundo Joaquim Luciano ganhou a licitação e terminou a obra. O empresário alega ainda ter feito uma pintura em todo o prédio, sem licitação, com autorização do próprio prefeito, no valor de R$ 10 mil, mas também não recebeu. “Ele chegou a dizer na minha cara que não pagava mais nada pela obra. Tentei falar com ele novamente e ele nem me atendeu,” disse Joaquim Luciano.

Na denúncia feita ao Jornal do Cariri, o empresário apresentou contratos e autorizações para as obras pelo secretário Roberto Correia Grangeiro, como ordenador de despesas.

Nenhum comentário:

Postar um comentário