quinta-feira, 27 de março de 2014

Extorsão no Crato: Defesa desafia MP a apresentar provas

Os advogados Leopoldo Martins e Daniel Maia, que defendem o prefeito do Crato, Ronaldo Mattos, no processo que investiga denúncias de extorsão para aprovar as contas do ex-prefeito Samuel Araripe, desafiaram os representantes do Ministério Público, Raimundo Parente e Lucas Azevedo, a apresentarem provas que remetam à participação do gestor cratense no caso. “Quero apenas uma prova, não mais que isso, sobre o envolvimento do prefeito no caso”, indagou Daniel Maia.

A reação dos advogados de defesa veio após o anúncio, pelos representantes do MP, do encaminhamento da ação principal do processo, durante entrevista coletiva, na última semana. A decisão dos promotores vai de encontro à decisão do juiz da 1ª Vara Cível, José Batista de Andrade, que determinou a cassação de
todas as medidas liminares e o arquivamento do processo.

Para o advogado Daniel Maia, o MP-CE está sendo usado pelo ex-prefeito Samuel Araripe, num processo sem provas e de caráter estritamente político. “A ação tem caráter político. Tanto que as denúncias contra o ex-prefeito Samuel Araripe não saem do canto. Enquanto isso, as denúncias contra o atual prefeito andam a passos largos”, disse o advogado.

Segundo Leopoldo Martins, a ação é fruto de muita pirotecnia inquisitorial. “Além de não ter provas materiais contra os acusados, os promotores agem de forma precipitada. Eles consideram imprescindível o resultado da quebra de sigilo bancário, no entanto entraram com a ação principal, sem o resultado do julgamento dos embargos para ter acesso aos documentos. Isso é estranho”, disse Leopoldo Martins.

Para ele, o Ministério Público é um órgão imprescindível e sério, “mas, infelizmente, nesse caso particular do Crato, está se estribando”. “Se baseando numa denúncia de um adversário político que tem interesses eleitoreiros, com a finalidade de obter proveito para anular uma votação legítima da Câmara do Crato”

MP quer investigar

A ação encaminhada ao juiz da 1ª Vara Cível do Crato, José Batista de Andrade, denúncia o prefeito Ronaldo Mattos (PMDB), o secretário de Governo, Rafael Branco, além de nove vereadores e mais os empresários Laércio e Rivaildo Teles (Grupo Gentil), por improbidade, extorsão e compra de votos para desaprovar contas de governo do ex-prefeito.

Sobre as provas materiais contra os denunciados, o promotor Raimundo Parente afirmou, apenas, que elas existem e destacou que ainda é necessário o acesso aos dados bancários, o qual considerou uma prova material importante. “A prova principal é o sigilo bancário. Vamos atrás dele”, disse Raimundo Parente, ressaltando que impetrou um Embargo de Declaração solicitando os documentos.

Samuel investigado

Ainda durante a coletiva, o promotor Lucas Azevedo declarou que o ex-prefeito Samuel Araripe também está sendo investigado. O ex-gestor é acusado de tentativa de compra de votos para aprovar as contas de gestão, na Câmara. Segundo o promotor, a diferença é que essa é uma ação criminal. Sobre a denúncia, o vereador Luciano Saraiva (PSL) acusou o vereador Amadeu de Freitas (PT) de ter recebido a quantia de R$ 100 mil para votar a favor das contas de Samuel Araripe.

Segundo o promotor Raimundo Parente, o ex-prefeito enfrenta, ao todo, oito investigações encaminhadas pelo Tribunal de Contas dos Municípios (TCM). “Todas as denúncias estão sendo investigadas e, se for o caso, vamos entrar com ações, tal qual fizemos hoje”, ressaltou Raimundo Parente.

Além da tentativa de compra de votos, Samuel é investigado por desvio de cerca de R$ 40 milhões durante sua gestão. Raimundo Parente ressaltou que espera do TCM documentos referentes à análise de contas da antiga gestão, para ter mais elementos para entrar com a ação.

Nenhum comentário:

Postar um comentário