quinta-feira, 2 de agosto de 2012
Começa hoje julgamento do mensalão
Começa hoje às 14h00, no Supremo Tribunal Federal (STF), o julgamento do mensalão. O esquema de pagamento de mesada a parlamentares, envolvendo empresários do ramo de publicidade, dirigentes de partidos e parlamentares que davam sustentação política ao primeiro Governo do presidente Lula, é considerado um dos maiores escândalos dos últimos 10 anos da política brasileira.
São 38 denunciados, entre atuais e ex-deputados federais, dirigentes de siglas partidárias e servidores públicos. Um dos nomes de maior expressão, entre os denunciados, é do ex-ministro da Casa Civil no Governo Lula, José Dirceu. Foram sete anos de investigação, desde denuncia do, também, envolvido e então deputado federal Roberto Jefferson (PTB).
O destino dos réus deverá ser conhecido em meados de setembro, depois que os 11 ministros do STF se pronunciarem sobre os sete crimes de que são acusados.
O processo de julgamento deixa dúvidas sobre a participação dos ministros César Peluzo, que, no dia 3 de setembro completa 70 anos, o que o leva à aposentadoria compulsória, e Dias Toffoli, ex-advogado do PT. Dias sofre pressão para não participar do julgamento.
Que atirem a primeira...
O mensalão é sem dúvidas, se não o maior, o mais badalado escândalo da história recente da política brasileira. Mas, o problema é que esse não foi, e nem será, o único caso de corrupção nesse formato. Ou alguém já esqueceu do mensalão do DEM em Brasília. Ou em Rondônia, denunciado pelo próprio governador. O mensalão não é um problema isolado; é uma praga que corrompe a política brasileira independente do partido, cidade ou estado. Aqui em Juazeiro, por exemplo, um vereador deixou a entender que alguns vereadores só votavam em determinados projetos se recebessem.
Esse não é um problema do Zé Dirceu, do PT, do DEM de Brasília ou do PTB do Roberto Jeferson. Esse é um problema da sociedade brasileira. É um problema da educação deficiente que nos fazem analfabetos funcionais, sem consciência crítica; nos empurrando para escolher governantes corruptos sem compromissos com as nossas necessidades sócias. Não resolve o problema apontarmos o dedo aos denunciados. Eles erraram e devem ser punidos. Mas a questão é: quantos mais teremos que punir até que se acabe com a corrupção no Brasil. Digo: é impossível calcular se não atentarmos para a melhoria da educação.
Esse não é um momento de festa para nossa democracia, como muitos querem fazer parecer. Esse é um momento de tristeza, assim como foi o desenrolar do caso Jorgina de Freitas, aquela que desviou milhões do INSS; do Juiz Nicolau dos Santos, “o lalau”, que desviou outros Milhões do TRT paulista; dos Sanguessugas do Amazonas, com a máfia do sangue; dos anões do orçamento em Brasília e outros. A questão é: até quando vamos fingir que estamos resolvendo o problema estourando um escândalo atrás do outro? Até quando vamos alimentar esse pacto da mediocridade, onde o político faz de conta que é honesto e o cidadão faz de conta que vota certo.
Vejamos o caso do ex-senador Demóstenes Torres, que se dizia o arauto da moralidade e foi cassado por favorecer uma facção criminosa. E quantos daqueles que votaram pela sua cassação não cometem os mesmos crimes ou favorecem amigos, familiares, fazem loby e exigem propina pela destinação de verbas a prefeituras.
Então não dá para apontar o dedo para o nariz dos outros, se o meu, como deputado ou senador, está sujo; não dá para jogar pedra no telhado dos outros, se o meu como cidadão é de vidro, quando eu não faço a minha parte de lutar por uma educação melhor e uma sociedade mais justa e igualitária.
Há alguns dias, recebi algumas críticas, em meu blog, de que eu não tinha uma conduta imparcial. E a minha resposta foi que, realmente, eu não sou imparcial. Disse e reafirmo que eu tenho lado. Eu sou do lado da democracia, eu defendo a liberdade de expressão, abomino o racismo de qualquer natureza e não abro mão dos meus direitos, entre eles direito a educação pública e de qualidade. Esse é o meu lado.
É por isso que eu não comemoro, nem aponto o dedo aos mensaleiros. Eles estavam lá porque nós os colocamos. Eu vou comemorar quando tivermos menos analfabetos, mais escolas em tempo integral, merenda de qualidade, professores mais valorizados e melhor qualificados. Por isso, sigamos em frente que a luta e grande e a vitória ainda tarda a chegar, mas só depende de nós.
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